domingo, 28 de agosto de 2011

PRESIDENTE OU PRESIDENTA?

A presidenta foi estudanta?
Uma belíssima aula de português.
Foi elaborado para acabar de vez com toda e qualquer dúvida se tem presidente ou presidenta.
Será que está certo?
Acho interessante para acabar com a polêmica de "Presidente ou Presidenta"

A presidenta foi estudanta?

Existe a palavra: PRESIDENTA? Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?

Miriam Rita Moro Mine - Universidade Federal do Paraná.

No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionarem à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.
Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha.
Diz-se: capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".
Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta.
Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta".








domingo, 21 de agosto de 2011

Uso da internet na sala de aula

ARTIGO: Uso da internet na sala de aula (ELIENE)

As tecnologias são produto e meio da relação do homem com a natureza. Vivemos em um cenário de grandes transformações sociais. Essas transformações estão revolucionando nossos modos de produção, de comunicação e de relacionamento, e produzindo um intenso intercâmbio de produtos e práticas socioculturais. Nesse contexto globalizado, as novas mídias e tecnologias invadem nosso cotidiano.
A chegada das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na escola nos trás desafios e problemas. As soluções vão depender do contexto de cada escola, do trabalho pedagógico que nela se realiza, de seu corpo docente e discente, de sua comunidade interna e externa, dos propósitos educacionais e das estratégias que propiciam aprendizagem.
Historicamente, a educação tem refletido as características de seu tempo e da sociedade nas quais as instituições educacionais estão inseridas. Vivendo em uma sociedade cada vez mais informatizada, que vem sofrendo transformações bastantes profundas, em especial nas formas de comunicação e de acesso ao conhecimento. Essas transformações têm influenciado a educação tanto na formação de professores quanto na organização dos currículos dos diferentes níveis de ensino.
Hoje, se sabe que a formação de professores precisa ser multidisciplinar, aproveitando conhecimentos e saberes das áreas de sociologia, da filosofia, da psicolinguística, da neurologia e outras. E essa formação incorpora as novas tecnologias, que são amplamente desenvolvidas pela sociedade da informação.
Pensar na educação e na tecnologia é compreender acerca da aprendizagem que, ao invés de enfatizar conteúdos, resultados, quantidade de noções, informações e conceitos a serem memorizados, repetidos e copiados, reconhecem a importância do processo, de uma metodologia voltadas para a qualidade da aprendizagem que valoriza a pesquisa e os trabalhos em grupos. Isso implica em programas, em horários e em currículos mais flexíveis e adaptáveis às condições dos sujeitos, respeitando-se o ritmo individual e grupal no processo de assimilação, acomodação do conhecimento.
Uma escola aberta para o surgimento de novas concepções de aprendizagem e conhecimento passa a conceber a educação como um processo que envolve conhecimentos extracurriculares. É necessário compreender as relações estabelecidas entre educador, sujeitos, práticas metodológicas e aprendizagem de forma que cada elemento do processo possa se constituir em um instrumento de conhecimento, com identidade própria.
Diante disso, o educador precisa reinventar a sala de aula na cibercultura, porém o que é complicado segundo SILVA (2003) “o grande paradoxo é o modelo de sala de aula baseado no falar-ditar do mestre iluminando no silêncio nem sempre passivo do aluno (sem luz). Ressignificar a educação na cibercultura significa superar esse paradoxo”.
Com LÉVY (1993, 1999), podemos verificar que o crescente desinteresse pela sala de aula é fenômeno mundial. Ele nos lembra que há cinco mil anos a escola está baseada no falar-ditar do mestre. E diz ainda que hoje a principal função do professor não pode mais ser a difusão de conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz pelos novos meios de informação e comunicação. Essa compreensão crítica colabora para a superação da divisão do pensamento e do conhecimento, que vem colocando a educação como um processo alienante, um saber parcelado que, consequentemente, muito tem refletido na profissionalização, nas relações de trabalhos, na predominância reprodutivista e na desvinculação do conhecimento do projeto global da sociedade. Como afirma FREIRE (1979) a vocação do homem é a de ser sujeito, e não objeto. Pela ausência de análise do meio cultural, corre-se o perigo de realizar uma educação pré-fabricada, portanto, inoperante, que não está adaptada ao homem concreto a que se destrua.
Então, é preciso reconhecer: até aqui, tínhamos o apelo de mestres valorosos como Paulo Freire, Vygotsky e tantos outros, enfatizando a participação colaborativa, dialógica e a multidisciplinaridade como fundamentos da educação e da aprendizagem, hoje temos também o apelo da cibercultura questionando oportunamente a velha pedagógica da transmissão.
Esta compreensão remete a uma análise por parte dos professores sobre quem são os sujeitos do processo, quais os objetos a serem desvelados, como sujeito e objeto interagem entre se na elaboração do pensamento cognitivo.

[... as repercussões dos novos desenvolvimentos tecnológicos requerem ser estudados de uma perspectiva pedagógica, já que as transformações das formas de ensinar não são produzidas pela renovação dos objetos, senão pela reconstrução dos ajustes pedagógicos desta renovação] MAGGIO, (2000, p.110).

Neste contexto, fica evidente, que o pensar pedagógico precisa partir do entendimento sobre a transformação da própria prática; situá-la dentro de um contexto histórico, político e social.





OBJETIVOS ESSENCIAIS DA LEITURA E ESCRITA

PARA QUE SERVE A LEITURA? (ELIENE)

Na sociedade atual, são exigidos de cada indivíduo conhecimentos e habilidades que permitam a ele ter um bom desempenho no meio social. A leitura é uma prática fundamental para que essas habilidades sejam adquiridas e desta forma, abrirem espaço para o exercício da cidadania.
A leitura e a escrita trazem enriquecimento pessoal ao ser humano, amplia a sua visão de mundo e em relação ao outro. O trabalho com a leitura é muito importante na formação de leitores competentes. Segundo os PCN/LP:

“formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros já lidos, que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos [p.54]”.

A escola tem o papel de formar leitores para a vida inteira, é nela que começa o estímulo e a criação de hábitos para a leitura. Assim, é fundamental apresentar ao educando uma multiplicidade de textos que envolvam diferentes respostas ao "por quê" e "para quê" a prática de leitura se faz tão necessária.
Para formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos que estão à sua volta, é preciso proporcionar ao aluno diferentes modalidades de leitura: ler para informar-se, estudar, escrever ou revisar o que produz, para resolver problemas do cotidiano, para divertir-se. É importante reconhecer que ler e escrever são uma forma de aprender a pensar, a refletir sobre a realidade e a conhecer a si mesmo.
Para se ler e escrever bem, é preciso utilizar estratégias adequadas de leitura: selecionar o que é mais relevante para a compreensão do texto; levantar hipóteses; antecipar idéias e informações; fazer inferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possui e verificar suas posições em relação ao significado do texto que leu e à escrita.
Uma prática de leitura na sala de aula deve permitir várias leituras, já que o significado do texto se constrói pela interpretação do leitor a partir do seu conhecimento prévio e do que é apresentado. Ezequiel Teodoro da Silva aponta que é preciso mais diálogo, mais liberdade para os alunos se expressarem, mais escuta e partilha de significados atribuídos aos textos, mais ligação entre aquilo que se lê e aquilo que se vive (p.24)
O conhecimento é algo produzido, construído a partir da ação e da reflexão do indivíduo, que adquire conhecimentos e saberes fora da escola. Assim, quando se depara com novas informações, esforça-se por compreendê-las e assimilá-las, apropriando-se delas. É através da ação do sujeito que a informação se transforma em conhecimento próprio, resultado da ampliação, da diversificação e do aprofundamento do conhecimento prévio dos alunos.
É importante ressaltar a importância da prática da leitura com textos de diferentes gêneros discursivos, verbais e/ou não-verbais, a partir de diversos enfoques e estratégias de interpretação. Dessa forma, contribui-se para uma reflexão sobre as diversas modalidades de leitura e os procedimentos que elas requerem do leitor.
Dessa forma, é necessário entender que fazemos leituras diferenciadas, de acordo com nossos objetivos. É importante se perguntar, por exemplo, "para quê" e "por quê" se lê: para se informar? Para se divertir?
Finalmente, é fundamental ressaltar que a leitura e a escrita constituem práticas complementares, pois é por meio da prática da leitura que se produzem textos com mais competência. É a leitura que nos fornece elementos e matéria-prima para saber o que e como escrever. Assim, a prática da leitura tem como objetivo levar o leitor a entrar em contato com um repertório de recursos linguístcos a ser utilizado na produção de texto, construindo assim, conhecimentos sobre a língua.

PARA QUE SERVE A ESCRITA?
A escrita, assim como a leitura, constitui-se uma atividade importante para a formação de escritores competentes. De acordo com os PCN/LP,
“Um escritor competente é alguém que ao produzir um discurso, conhecendo possibilidades que estão postas culturalmente, sabe selecionar o gênero no qual seu discurso se realizará escolhendo aquele que for apropriado a seus objetivos e à circunstância enunciativa em questão. [...]. É alguém que sabe elaborar um resumo ou tomar notas durante uma exposição oral; que sabe expressar por escrito seus sentimentos, experiências ou opiniões. Um escritor competente é também, capaz de olhar para o próprio texto como um objeto e verificar se está confuso, ambíguo, redundante, obscuro ou incompleto. Ou seja: é capaz de revisá-lo e reecrevê-lo até considerá-lo satisfatório para o momento”.
Para formar um escritor competente, é preciso haver uma proposta educativa com base no diálogo, na formação de cidadãos que tenham liberdade para ler, escrever e interpretar o mundo para refletir e criticar a realidade. Além disso, o trabalho com produção oral e escrita deve evidenciar o uso da escrita em situações diversas. Dessa forma, os alunos terão condições reais de desenvolver seu potencial crítico-reflexivo, apropriando-se de novas formas de expressão, com base da análise das características dos diferentes gêneros discursivos e na interação com interlocutores diversos, de maneira adequada e criativa.
Segundo os PCN/LP, para aprender a escrever, é necessário ter acesso à diversidade de textos escritos, testemunhar a utilização que se faz da escrita em diferentes circunstâncias, defrontar-se com as reais questões que a escrita coloca a quem se propõe produzi-la, arriscar-se a fazer como consegue e receber ajuda de quem já sabe escrever. Sendo assim o tratamento que se dá à escrita na escola não pode inibir os alunos ou afastá-los do que se pretende; ao contrário, é preciso aproximá-los, principalmente quando são iniciantes "oficialmente" no mundo da escrita por meio da alfabetização. Afinal esse é o caminho que deverão trilhar para se transformarem em cidadãos da cultura escrita.
Escrever é interagir. Interage aquele que tem o que dizer a quem dizer, por que dizer e para que dizer. Os alunos devem adquirir progressivamente competências em relação ao uso linguístico, a fim de poderem resolver questões da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a oportunidade de participar do mundo letrado, assumindo sua própria palavra na produção de textos coerentes, coesos e eficazes.
Josette Jolibert (1994) afirma que:
O ato de escrever deve se concretizar em uma atmosfera que traduza o prazer de escrever, prazer de inventar de construir um texto, prazer de compreender como ele funciona prazer de buscar as palavras, prazer de vencer as dificuldades, prazer de encontrar o tipo de escrita e as formulações mais adequadas à situação, prazer de progredir, prazer da tarefa levada até o fim, do texto bem apresentado (p.16).
Portanto, é preciso proporcionar na sala de aula, atividades que permitam ao aluno experimentar, vivenciar a prática de produção de textos diversos, para assim se tornarem escritores coerentes e eficazes.

ARTIGO: A importância da leitura na formação

ARTIGO: A importância da leiturA na formação (ELIENE SOUZA OLIVEIRA)

Sabe-se que uma das grandes preocupações nos dias atuais é com o domínio da leitura e da escrita pelos estudantes. Ter habilidades para ler e escrever é uma das tarefas mais importantes na atualidade. São requisitos imprescindíveis ao sujeito como ser social. É fundamental que cada pessoa tenha o manejo das palavras e a compreensão de idéias.
É a literatura o agente ideal para a formação da mentalidade humana. Porém, nos dias atuais, ler tornou-se uma tarefa difícil, pois muitos não têm interesse pela leitura, por outro lado os efeitos surpreendentes dos recursos tecnológicos seduzem e atraem de tal forma que os torna como preferência para muitas pessoas. A tecnologia tem papel importante na vida das pessoas, porém esta não é o único meio, mas uma das várias maneiras de adquirir conhecimentos.
Entende-se que ao ler o aluno não deve fazer apenas a mera leitura dos signos. Ele deve ser instigado a explorar o que leu interpretar, sentir, comparar, criticar, refletir, criar novas possibilidades, viajar, tirar lições de vida, adquirir conhecimentos, enfim, atingir sua visão de mundo. Se o aluno não consegue atribuir sentido ao que leu, não pode ser considerado um indivíduo letrado.
O ato de ler é uma atitude cultural, que é desenvolvida ao longo da existência humana e deve ser sempre alimentada. Adquire-se esse hábito, através de contatos com pessoas letradas em ambientes que estimulem o gosto pela leitura. Esse estímulo nada mais é do que a conscientização, oportunidades e o exemplo dado pelas pessoas que ali atuam.
Ler é um processo interativo, no qual os interlocutores se comunicam. Através da leitura e a partir de seus conhecimentos prévios, o leitor numa forma de diálogo com o texto, constrói significado, dando sentido àquilo que leu, ampliando o código lingüístico e apropriando o código escrito. “A atividade de leitura acaba refletindo na escrita, recurso expressivo que amplia o repertório lingüístico, dentre outros na aprendizagem da língua”. (SARDAGNA; POSSAMAI 2008, p.35).
Além de um bom leitor, é necessário que o aluno seja estimulado a ser um produtor de texto. Através da produção textual ele terá a oportunidade de expressar seus pensamentos, desenvolver seu raciocínio e será mais bem compreendido em suas ações. Para Branca Jurema Ponce (2010, p.12) leitura e escrita são:
Uma condição primordial. [...] Os estudantes tem de saber ortografia e a regra culta, mas escrever bem vai, além disso: é conseguir desenvolver um raciocínio lógico, que tenha começo, meio e fim, conseguir expor essas idéias e argumentar com propriedade sobre elas. A cidadania passa por isso. Como exercê-la sem essas habilidades?

Ao promover a reflexão do aluno acerca do que leu, o educador estará oportunizando-o a desenvolver sua competência crítica, discursiva e criativa. O leitor dialoga com o texto concordando ou discordando daquilo que leu. Nesse processo interativo ocorre a comunicação. Porém, para que o ato comunicativo ocorra com eficiência o indivíduo precisa entender o que está explícito e implícito em um texto, dando a este sentido, construindo assim significados. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, P.53):
[...] A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto [...]. Não se trata simplesmente de extrair informações da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão, na qual os sentidos começam a ser construídos antes da leitura propriamente dita.

O leitor assíduo tem facilidade para se comunicar, e utilizar as palavras certas no momento certo e de acordo com cada situação. Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê”. (MONTEIRO LOBATO apud REVISTA DO PROFESSOR, 2003).
De acordo com os PCN (apud NOVA ESACOLA 2000, p. 5) “Pelo uso da linguagem, escolhendo as palavras certas para cada tipo de discurso, as pessoas se comunicam, trocam opiniões, tem acesso às informações, protestam e fazem cultura. Em outras palavras tornam-se cidadãs”. A linguagem seja ela oral ou escrita, é uma prática cultural, essencial à vida do ser humano. É necessário que cada pessoa entenda sua utilização e função e em que situações sociais ela é utilizada.
Para CARGNIN (2009, p. 5):
Tanto a escrita como a leitura são fundamentais para o crescimento enquanto pessoa, pois, ao interpretar o texto e atribui-lhe significado, o aluno lança mão de conhecimentos extralinguísticos: do mundo, do assunto em questão, de outros textos que contribuem para sua interpretação. Em suma, o leitor/escritor torna-se mais eficiente à medida que lê mais, de maneira cada vez mais ativa e inquiridora.
Na civilização atual a comunicação escrita se expandiu de modo significativo. O homem tem a necessidade de saber ler para se locomover e atuar como cidadãos ativos. Desde os letreiros do ônibus, nomes de ruas, bancos, casas comerciais, textos informativos, enfim são leituras fundamentais para a sua sobrevivência. Porém para que essas mensagens sejam compreendidas e tenham sentido, depende essencialmente do leitor, que além de decodificar os signos lingüísticos necessita de habilidades para analisar, relacionar e interpretar as informações obtidas.
Sendo a literatura a base para a construção do conhecimento, entende-se que o convívio com os livros e a leitura deve estar no centro dos trabalhos e dos interesses de todos. A vida ensina muitas coisas. As pessoas aprendem em casa, na rua, no campo, enfim em todos os lugares em que estejam interagindo. Porém a escola precisa fazer a diferença. No entanto deve esta promover momentos de aprendizagem, privilegiando momentos de leitura em situações diversas.
O texto é constituído de várias propriedades. Não deve ser visto apenas como mero recurso na transmissão de conteúdos, já que é através dele que nos comunicamos e interagimos com nossos semelhantes. Segundo os PCN (2002 p.5) a escola deve adotar uma nova postura de ensino “que procure levar em conta a realidade e os interesses dos próprios alunos além de utilizar o texto literário como um aprendizado em si, e não como expediente para ensinar gramática e valores morais, inibindo a descoberta, pelo aluno, do prazer da leitura” [...].
Os discursos, falados ou escritos, a atividade seja ela verbal ou não verbal – os sinais, as imagens, os gestos, enfim; ao serem interpretados, transformam-se em grandes textos. Dessa forma todo e qualquer tipo de comunicação se efetiva através de textos. IRANDÉ (2009, p. 76) afirma que “A atividade verbal, sob qualquer condição, somente se exerce sob o modo da textualidade. Quer dizer, ninguém fala ou escreve, a não ser por meio de textos”. É um ato imprescindível ao ser humano.
Porém, para que haja uma comunicação eficiente é necessário que haja intenção e aceitação por parte do emissor e do receptor, ou seja, cabe ao emissor falar ou escrever coisas que tenham coerência, bem estruturadas; e ao receptor ter disposição para aceitar o texto oral ou escrito, saber interpretar e dar sentido ao que ouve ou lê.
É fundamental que os interlocutores conheçam as normas utilizadas por ambos no texto oral ou escrito. Dessa forma faz-se necessário explorar a linguagem nas mais variadas formas e gêneros possíveis, possibilitando ao aluno o aprimoramento e a interpretação.
Percebe-se que ainda há um grande distanciamento entre o que se ensina e o que se deve ensinar. Muitos alunos cursam o segundo grau e saem com uma bagagem muito pobre, sentem dificuldades ao fazer vestibular, entre outros. Encontram-se com uma deficiência enorme para interpretar, produzir textos ou até mesmo de se expressar em locais públicos. Segundo Elisa Meirelles (2010 p. 49):
Os jovens se formam sem entender os benefícios da leitura e acabam não lendo mais nada. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) e o Instituto Pró-livro mostra que 45% da população não lê nenhum exemplar por ano (desses, 53% dizem simplesmente “não ter interesse” e outros 42% admitem “ter dificuldade”).
É necessário também que o professor esteja sempre atualizado e que acompanhe o movimento editorial, sendo ele mesmo um verdadeiro leitor, servindo de exemplo para os alunos. Talvez, este seja um dos incentivos para os alunos tornarem-se também verdadeiros leitores. Percebe-se que a falta de interesse pela leitura não atinge apenas os alunos, mas infelizmente os educadores também. “Se a pessoa não utilizar e não tiver prazer no convívio com o material escrito, é muito difícil passar isso para as crianças” (SOARES MAGDA apud DESPERTAR CONSULTORIA). Portanto cabe ao professor a adequação de seu trabalho, de maneira tal, que este venha servir, de forma prazerosa, para a transformação da realidade humana.
Com certeza, é indispensável à presença de professores leitores capacitados e instrumentalizados, que possam ter formação e informação de como trabalhar, ao longo do ano letivo, a leitura e a escrita, visando o desenvolvimento do educando. “Na verdade os professores [...] precisam saber mais sobre as grandes funções da leitura e da escrita; na verdade precisam saber como promover a gradativa inserção do indivíduo no mundo da escrita, ou melhor, no mundo da cultura letrada”. [...] (ANTUNES 2009, P.15).
O homem tem buscado a cada dia ampliar seus conhecimentos linguísticos, para tanto, ele precisa ter duas concepções claras na cabeça, são elas: a linguagem se aprende pelo uso; existem vários usos de linguagem. O aperfeiçoamento dos usos de linguagem provoca o aperfeiçoamento do indivíduo, todavia, isso não se refere ao puro e limitado conhecimento da língua padrão nem apenas ao conhecimento satisfatório da linguagem oral, pois estas são algumas das múltiplas possibilidades de uso da língua. É também de enorme importância o conhecimento e domínio da modalidade escrita da língua.
Escrever, não é possível somente para os grandes autores; é uma atividade social indispensável para qualquer pessoa (Câmara Jr. 1972).
Alguns concebem que a escrita é inerente a uns enquanto não é a outros, pois aqueles têm facilidades em redigir um texto. Não é isto que ocorre de fato. Na verdade, apenas alguns se tornam grandes romancistas ou escritores reconhecidos. Todavia, todos podem se comunicar de forma coerente e eficaz, usando a escrita. Inicialmente, é preciso saber que não há modelo único para a redação, não há sequer estrutura rígida. 'Há apenas uma falta de preparação inicial que a prática e o esforço vencem' (Câmara Jr. 1972).
A primeira forma de expressão linguística é a fala, porém, a necessidade de fixá-la, de levá-la para outros contextos, fomentou a busca pela possibilidade de uma representação da mesma. Daí nasce a modalidade escrita da língua. A técnica da escrita consiste simplesmente em usar sinais gráficos que aprendemos por mera convenção por serem tais sinais arbitrários para simbolizar os signos da língua falada. Entretanto, diante das múltiplas possibilidades oferecidas pela língua falada e pela inviabilidade de construir um sinal gráfico para cada signo, a escrita é apenas uma tentativa de representação da fala, por ser um suporte utilizado como recurso para não sobrecarregar a memória.
A comunicação oral é limitada quanto às distâncias e à fixação mesmo que temporária da mensagem, enquanto a comunicação escrita multiplica a mensagem, pois muitos podem lê-la ao mesmo tempo e não precisam estar próximos ao emissor. Em contrapartida, a escrita é uma técnica simples e barata, amplia os horizontes, aumenta as possibilidades de comunicação, fixa a mensagem, aumenta a possibilidade de envio da mensagem em relação à distância e números de receptores, exige do homem aprendizado, pois não é espontânea nem natural como a fala, conferindo certo grau de poder a quem sabe utilizá-la.
Desta forma, como diz GNERRE (1987), devemos 'ser poliglotas de uma mesma língua'. Essa aparente contradição nos diz uma verdade imensa. Não nos basta saber apenas uma modalidade da língua ou somente norma culta. Como existem diversos contextos sociais, e para cada contexto exige-se um uso de linguagem, se quisermos transitar em tais universos devemos também usar de forma competente a modalidade falada e escrita da língua. Mais do que isso, devemos saber usar a linguagem adequada tanto ao contexto sócio-comunicativo acadêmico, quanto ao bar, ao funeral, à festa de carnaval.
É importante ressaltar que falamos uma língua e escrevemos outra, pois apesar da escrita ser posterior à fala e uma tentativa de representação da mesma, ela é mais conservadora. Pode-se afirmar que fala e escrita são diferentes, cada uma possui as suas peculiaridades. Isto não quer dizer, entretanto, que ela se oponham. Pelo contrário, elas se complementam.
A língua não é uniforme; ela é uma unidade composta pela diversidade, isto é, pela variedade linguística. Tais variedades podem ser de três tipos: diatópicas, diafásicas e diastrásticas. Dentre estes dados, temos a norma culta, também chamada de língua padrão. É considerada geralmente como a única variedade correta da língua e associada tipicamente aos conteúdos de prestígio. Segundo Maurízio Gnerre (1987), "uma variedade vale o que valem na sociedade seus falantes". As variedades que correspondem à língua não padrão são usadas por pessoas de baixa renda, de pouca ou nenhuma escolarização, de meios rurais, de regiões distantes dos grandes centros econômicos.
Desta forma, tais variedades tendem a ser sempre consideradas inferiores a uma outra de maior prestígio, ou pior, é muito comum serem consideradas erradas. Entretanto, a noção de erro está atrelada sempre a uma impossibilidade quanto ao uso de determinada coisa. Se a língua não-padrão é usada por tanta gente e comunica com coerência e eficiência aos grupos que a utilizam e aos demais grupos, a noção de erro torna-se inadequada quando a ela se refere.
O termo língua é comumente associado à escrita, todavia um não é sinônimo do outro. Toda essa confusão é fruto das informações equivocadas passadas pela tradição escolar. Por conseguinte, às vezes o acesso à escola relaciona-se a poder econômico e político, atribui-se à escrita uma autoridade superior àquela que ela realmente tem. Historicamente, a língua padrão é a língua dos vencedores, dos que mandam, sendo a escrita um registro da fala.
Sendo assim, a elite escolhe conscientemente a língua merecedora de registro, que é a norma culta, como modelo para as demais. Por isso que ela é chamada de língua padrão. Diz-se que tal modelo é central da identidade nacional, enquanto portadora de uma tradição e de uma cultura. Todavia, não será essa uma visão preconceituosa e discriminatória, já que pressupõe que todo aquele que não usa a língua padrão não é historicamente portador de tradição e cultura?
É perceptível, que muitas vezes, em detrimento da oralidade, supervaloriza-se o uso da escrita e aqueles que já se apropriaram deste conhecimento. Entretanto, vale ressaltar que na maior parte dos povos modernos, somente uma parcela (às vezes mínima) da sociedade tem na escrita um elemento essencial da vida. Além disso, há muitos povos que sequer utilizam tal modalidade da língua. Outro fator curioso é que até mesmo as pessoas escolarizadas usam menos a escrita do que a oralidade em seu cotidiano.
Portanto, para que os indivíduos saibam escrever e expressar-se bem oralmente, é necessário que faça uso constante das modalidades de escrita e leitura, visto que, estas ampliam seus conhecimentos tornando assim a comunicação mais coerente e eficaz.
A escrita é um elemento de fundamental importância no processo de aprendizagem do ser humano, visto que é através dela que ele pode exteriorizar os seus mais profundos sentimentos, bem como demonstrar os conhecimentos adquiridos nesse processo e ainda, tornar-se um bom orador nas diversas situações sociais. Partindo desse pressuposto, a escola deve proporcionar ao educando, formas para que ele possa escrever com fluência os diversos tipos textuais.
Para o pleno desenvolvimento intelectual do ser humano, é relevante que ele obtenha o domínio da escrita, e este, assim como o da leitura, inclui capacidades que devem ser adquiridas no processo de alfabetização e outras que são constitutivas do processo de letramento, incluindo desde as primeiras formas de registro alfabético e ortográfico até a produção autônoma de textos. A escrita na escola, assim como nas práticas sociais fora da escola, deve ser realizada situada num contexto, ter um objetivo, uma função e ser dirigida a algum leitor. A produção textual deve ser uma ferramenta constante na escola, pois proporciona aos alunos o desenvolvimento da capacidade de escrever textos de gêneros diversos, adequados aos objetivos, ao destinatário e ao contexto em circulação.
Os PCN: LP (SEF, 1997a, p. 65) propõem que:
O trabalho com produção de textos tem como finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes. Um escritor competente é alguém que ao produzir um discurso (...), sabe selecionar o gênero no qual seu discurso se realizará escolhendo aquele que for apropriado a seus objetivos e à circunstância enunciativa em questão.
Neste sentido, o trabalho com escrita pode ser feito na escola mesmo antes que os alunos tenham total domínio da mesma, porque o educador deverá orientá-los para a compreensão e a valorização dos diferentes usos e funções da escrita, em diferentes gêneros textuais e suportes.
Para LÚRIA (1998), a escrita pode ser a função que se realiza culturalmente, por mediação. A condição fundamental exigida, para que a criança seja capaz de tomar nota de alguma noção, conceito ou frase, é que algum estímulo seja empregado como símbolo auxiliar, cuja percepção a leve a recordar a idéia que refere.
Diante de tais concepções, nota-se que para realizar a produção textual é importante compreender que uma palavra qualquer, pode ser um texto, se for usada numa determinada situação para produzir um sentido. Com essa compreensão, pode-se propor a produção de textos escritos sempre em sala de aula, pois a capacidade de dominar o sistema ortográfico pode ser associada a esta atividade. Para Ferreiro e Teberoski (1996, p. 91) a escrita é definida como a representação de palavras e idéias.
Para que um texto seja escrito contendo todos os elementos necessários é preciso saber planejar a sua escrita considerando o tema central e seus desdobramentos, de modo que ele pareça, para seus leitores, "lógico", sensato, bem encadeado e sem contradições, essa é uma capacidade a ser desenvolvida na escola, porque a organização e o encadeamento dos textos da conversa cotidiana que os alunos conhecem, são diferentes do que se espera no caso de textos escritos, principalmente se tiverem circulação pública. Isso posto, é nítido que a escrita excede o âmbito escolar. A esse aspecto o educador deve estar atento. Conforme orienta BERENBLUM (2006, p.24),
Tal a leitura, a escrita sofre do mal da "escolarização", quase sempre restrita à cópia e à reprodução de formas previamente modelares, não estimulando os processos de autoria, que fazem dos sujeitos "escritores", no sentido justo de ser autor autônomo e competente para escrever o seu texto, para dizer sua palavra e registrar a sua história, transformando sua passagem pelo mundo, nas sociedades grafocêntricas.
VYGOTSCKY (1998) fundamenta também essa prática escolar dizendo: "Até agora, a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escolar, em relação ao papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da criança. Ensinam-se as crianças a desenhar letras e construir palavras com elas, mas não se ensinam a linguagem escrita".
Por mais que nossas escolas tenham vivido transformações significativas na última década, para muitos professores, o texto ainda é mero pretexto para o estudo de formas gramaticais descontextualizadas. Estudam-se palavras como unidades isoladas da língua distante de sua real situação de uso. O ensino de língua portuguesa, que tem língua materna por objeto de estudo, deve ser repensado com o intuito de voltar seu olhar para o texto e para diversidades de gêneros em que se materializa. Assim, é fundamental o aluno conviver com bons modelos de textos verbais, além dos não verbais, ser expostos aos diferentes gêneros discursivos, para que possa refletir sobre suas características especificas e se apropriar delas para a produção de seus próprios textos. Quanto a isso nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 30) afirma-se que:
Cabe a escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com - os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com esta finalidade.
Um outro fator a ser observado para que se saiba escrever bem é a capacidade de usar a variação linguística adequada ao gênero de texto que se está produzindo, aos objetivos que se quer cumprir com o texto, aos conhecimentos e interesses dos leitores, fazendo escolhas adequadas quanto ao vocabulário e à gramática. Por isso, é preciso dedicar atenção à escolha de palavras demonstrando sensibilidade para as condições de escrita e de leitura do texto. É necessário ainda, saber utilizar os recursos expressivos apropriados ao gênero e aos objetivos do texto (produzir encantamento, comover, fazer rir, ou convencer racionalmente). Essas capacidades de uso da escrita também podem ser ensinadas e aprendidas na escola desde cedo.
Os PCN: LP (SEF, 1997a, p.31-32) ajudam a complementar essas considerações:
A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja, saber adequar o às diferentes situações comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a quem e porque se diz determinada coisa. É saber, portanto, quais variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige.
Portanto, ser um bom escritor, não é resultado de um processo natural. É preciso, além da interferência educacional e cultural, contato permanente com o material escrito, variado e de qualidade, desde cedo. Além disso, é importante adquirir as capacidades de revisar e reelaborar a própria escrita, segundo critérios adequados aos objetivos do destinatário.

ARTIGO: A FORMAÇÃO DO LEITOR

Artigo:

A formação do leitor (ELIENE SOUZA OLIVEIRA)

A escola é um espaço de transformação social e, por isso, precisa desempenhar o seu papel de formar indivíduos aptos para serem inseridos na sociedade. Para tanto, o educador deve ser investigativo e reflexivo, para assim ser capaz de formar leitores críticos, reflexivos, investigativos e conscientes do seu papel na sociedade.
Existem vários fatores que podem contribuir para que esta formação aconteça tais como: a família, o aluno, o professor, a direção escolar, e a comunidade escolar. Diante disso, fica evidente, que precisamos compreender a escola numa dimensão para além do imediatismo, da instrumentalidade porque no paradigma da complexidade segundo ASSMANN (1998), “a escola é compreendida como uma organização que aprende”. Então, constitui-se tarefa da educação lidar não só com os instrumentos essenciais de aprendizagem, que envolvem leitura, escrita, cálculo, mas principalmente, com os conteúdos educativos fundamentais tais como: valores, atitudes, competências e habilidades. Dessa forma, alia-se o desenvolvimento de competências técnicas-científicas e o conhecimento de si mesmo elevando o pensamento crítico e o espírito para a busca de unidade.
Portanto, faz-se necessário que a educação atinja a vida das pessoas e da coletividade em todos os âmbitos, visando à expansão dos horizontes pessoais, o desenvolvimento psicossocial do sujeito, além da observação das dimensões econômicas e o fortalecimento de uma visão mais participativa, crítica e reflexiva dos grupos nas decisões dos assuntos que lhes dizem respeito. Sendo assim, a forma como a escola é dirigida é de fundamental importância neste processo, pois, uma boa escola começa com um bom gestor.
A direção da escola, além de ser uma das funções do processo organizacional, é um imperativo social e pedagógico. O significado do termo direção, tratando-se de escola, difere de outros processos de direção. Ele vai além daquele de mobilização das pessoas para a realização eficaz das atividades, pois implica intencionalidade, definição de rumo, uma tomada de posição frente a objetivos sociais e políticos da escola, numa sociedade concreta. A escola, ao cumprir sua função social de mediação, influi significativamente na formação da personalidade humana e, por essa razão, não é possível estruturá-la sem levar em consideração objetivos políticos e pedagógicos.
No âmbito educacional, o conceito de gestão está associado ao fortalecimento da democratização do processo pedagógico e representa não apenas novas ideias, mas um novo paradigma que estabelece uma orientação transformadora na relação da escola. É desejável, entretanto, que os educadores resgatem pessoalidades nas práticas escolares em função da compreensão e consciência da historicidade da ação educativa. Eles podem contribuir para que o fazer burocrático se transforme numa proposta de ação mais integradora e coordenadora do trabalho coletivo, participativo, sem imposições, pois a mudança não ocorre de fora para dentro. Isto se dá quando os elementos da comunidade escolar participam conscientemente das decisões sobre a orientação de seu trabalho se comprometendo com os resultados educacionais. O gestor pode tornar o processo de mudanças significativas para sua equipe assegurar a participação das pessoas, proporcionando um ambiente em que a criatividade possa florescer.
Diante disso, devemos levar em consideração que a própria escola deve atender às exigências do contexto no qual está inserida.
O desenvolvimento das novas tecnologias, nas últimas décadas vem afetando todos os setores da atividade humana, proporcionando maior agilidade de comunicação, reduzindo esforços nas rotinas diárias e ampliando as possibilidades de acesso a informação em todo mundo.
A instituição escolar de maneira geral tem realizado um trabalho com texto que prepara o educando para ler escrever narrações, dissertações, descrições e cartas. Ele é treinado para reproduzir textos modelares, com regras fixas pré-estabelecidas e numa realidade escolar distante da realidade dele. A exploração de textos diversificados é uma prática pedagógica que proporciona o desenvolvimento da expressividade, do uso funcional da linguagem, da leitura e da reflexão sobre o mundo.
Porém, partindo do pressuposto de que é preciso formar leitor investigativo e reflexivo, uma proposta do ensino de língua deve valorizar o uso da língua em diferentes situações sociais, com sua diversidade de funções e sua variedade de estilos e modos de falar uma vez que:

Educar é criar cenários, cenas e situações em que, entre elas e eles, pessoas, comunidades aprendentes de pessoas, símbolos sociais e significativos da vida e do destino possam ser criados, recriados, negociados e transformados. Aprender é participar de vivências culturais em que ao participar de tais eventos fundadores, cada um de nós se reinventa a si mesmo. E realiza isto através de intenções (muito mais do que de “estocagem”) de entre efeitos sensações, sentidos e saberes, algo mais e mais desafiadoramente denso e profundo destes mesmos atributos. (BRANDÃO, 2002, p. 26).

Para estar de acordo com esta concepção, é importante que o trabalho em sala de aula se organize em torno do uso da língua e que privilegie a reflexão dos alunos sobre as diferentes possibilidades de emprego da mesma. Visto que o sujeito que utiliza a língua não é um ser passivo, mas alguém que interfere na constituição do significado e do ato comunicativo. Portanto, há uma relação intrínseca entre a linguística e o social que precisa ser considerada no estudo da língua.
Tomando como base o ensino e aprendizagem da leitura crítica, bem como a formação do leitor competente, o livro didático não pode ausentar-se desse processo, principalmente pelo fato de ser, em alguns casos, o único material a esse respeito que o aluno dispõe em casa e até mesmo na escola. Cabe, então, ao professor, utilizar o mais significativamente possível os textos abordados por este tipo de livro, considerando o que o aluno sabe e o que pode aprender com a contribuição desse documento. O desenvolvimento de ações que viabilizem a formação do leitor crítico é fundamental, principalmente entre os jovens, pelo fato de poderem estar adquirindo mais segurança na leitura e também tomando gosto pelo ato de ler. Para tanto, é fundamental que o professor sirva de modelo, mostrando-se leitor ativo e compreensivo, para que possa mediar o processo de interação entre seus alunos e o universo letrado que envolve a leitura.
Podemos afirmar que formar um leitor crítico não é tarefa fácil, entretanto fica claro que se trata de algo extremamente significativo para o aluno. As mudanças no currículo do ensino médio contemplam disciplinas que abordam conteúdos, que dão significado e reflexos na sua vida cotidiana. Assim, a leitura contribui não somente para a formação intelectual do indivíduo, mas para a formação moral e cultural, sendo um conhecimento de base para todos os outros que pode vir a adquirir ao longo da vida, além de servir também de entretenimento e prazer.
Na verdade, o que se almeja alcançar do trabalho com a leitura crítica no ensino é um leitor que seja capaz de ultrapassar os limites pontuais de um texto e incorporá-lo reflexivamente no seu universo de conhecimento de forma a levá-lo a melhor compreender seu mundo e seu semelhante. Partindo do ponto de vista de que “o verbo ler não suporta imperativo” (PENNAC, 1993, p. 13), a leitura não deve ser encarada nem pelo professor nem pelo aluno como uma obrigação, um dever, e sim como uma atividade prazerosa. Para tanto, o professor deve demonstrar paixão pela mesma e apresentá-la como fundamental para a formação intelectual dos educandos.
Para isso, faz-se necessário superar as formas conservadoras de organização e gestão adotando formas alternativas, criativas de modo que aos objetivos sociais e políticos da escola correspondam estratégias compatíveis de práticas pedagógicas que façam com que os educandos vivenciem igualdade, diversidade, consciência e dignidade no cotidiano através da participação na elaboração e execução do Projeto Político Pedagógico, do Colegiado Escolar, das tarefas da escola, da avaliação do trabalho docente e escolar. Dessa forma, o ser humano capacita-se para saber decidir quando deverá transgredir ou não nas situações corriqueiras. FREIRE 1996, pg. 36-37.
Nesse sentido, mulheres e homens, seres histórico-sociais tornam-se capazes de comparar, de valorizar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, por tudo isso se fazem éticos.
Então é importante que cada indivíduo da comunidade escolar atue como investigador para assim, ser capaz de refletir sobre a prática educativa emancipatória e juntos enfrentem o desafio radical de promover uma educação intercultural e crítica na nossa sociedade em que estamos vivendo processos multidimensionários, profundos e contraditórios.
Ler é viajar para mundos desconhecidos, descobrir o que antes era mistério, fantasiar, deixar a imaginação aflorar dentro do texto. Enquanto lemos, vivemos uma experiência valiosa. A mente humana, que possui funções importantes como a memória, raciocínio, e a atenção, permitem que possamos experienciar tudo que o simples prazer de ler proporciona. Quando lemos, as possibilidades de ampliar os nossos horizontes se expandem. Podemos não só compreender melhor o nosso meio, como também transformá-lo, abrindo novos caminhos, despertando todas as nossas faculdades mentais que ainda estejam latentes, pelo fato de estarmos desvelando algo que era, por nós, desconhecido.
É pertinente considerar que aventurar-se no mundo da leitura é também desenvolver uma prática de leitura que desperte e cultive o desejo de ler, ou seja, uma prática pedagógica eficiente que dê suporte ao aluno para realizar o esforço intelectual de ler não só textos simples, mas também aqueles nos quais precisará utilizar e pôr a prova todas as suas estratégias de leitura. Para ECO (2000, p. 31) “um texto é um universo aberto onde o intérprete pode descobrir uma infinidade de conexões”. Ou seja, um texto é um conjunto de significados amplos e abertos e permite ao leitor mergulhar nele e relacioná-lo com outras diferentes situações com as quais tem contato no seu dia a dia e/ou com conteúdo das mais diversas áreas de conhecimento, proporcionando a quem lê preencher as lacunas deixadas pelo escritor para que a este mesmo texto, sejam acrescidos, novas idéias e argumentos, com o intuito de que a cada leitura, sejam criadas expectativas novas em relação ao seu conteúdo.
Portanto, o processo ativo globais de leitura, permite ao indivíduo alcançar a competência de leitor eficiente como diz ORLANDI (.....):“ o bom leitor é aquele que sabe que há outras leituras, que o sentido pode ser outro”.
Diante disso, fica claro, quem lê aventura-se pela linguagem, pois, constrói sua própria ciência uma vez que a leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado.
Por esta razão é preciso ler, principalmente, ler bem, pois, quem não sabe ler bem apenas memorizará elementos de um todo que não se atingiu, não saberá resumir, não saberá tomar apontamentos, não se aventurará pelas diferentes leituras sentindo as mais variadas emoções que só a leitura permite ao bom leitor, como também não saberá estudar.
As atividades leitoras disseminadas fora dos espaços escolares estão tendo como sustentáculo, o prazer de ler, considerado como força impulsora, capaz de manter acesa a chama da leitura. Assim, a leitura de várias naturezas, realizadas de modo espontâneo e prazeroso mesmo que dispersadas por entre tantos meandros, reforça mais sua necessidade e importância, já que é produzida sempre num espaço social de uma interlocução real e virtual. MARTINS (1994, p. 81) realça essa idéia quando afirma que “mesmo querendo forçar sua natureza com posturas extremistas, o homem lê como em geral vive, num processo permanente de interação entre sensações, emoções e pensamentos”.
Por esta razão, apesar de todo o avanço tecnológico observado na área de comunicação, principalmente audiovisuais, nos últimos tempos, ainda é, fundamentalmente, através da leitura que se realiza o processo de transmissão, aquisição do conhecimento. Daí a importância capital que se atribui ao ato de ler, enquanto habilidade indispensável na vida do ser humano.
Ao aprofundar sobre a importância da leitura percebe-se que aventurar-se pelo mundo dela e aprender a ler não são tarefas tão simples, pois exige uma postura crítica, sistemática, uma disciplina intelectual por parte do leitor, e esses requisitos básicos só podem ser adquiridos através da prática e da experiência.
Observa-se que muitas pessoas na maioria das vezes, fazem uma leitura superficial, que é aquela realizada apenas para buscar informações específicas, entretanto, cada indivíduo precisa alcançar diferentes níveis de leitura, pois, a realidade da leitura é extremamente complexa e variada, visto que o diálogo que se estabelece entre emissor e receptor não se dá sempre da mesma forma. As leituras têm origem e objetivos bastantes diferenciados e, sendo assim, há leituras de pura informação, leitura de passatempo, leituras literárias e, leituras acadêmicas.
Sabe-se que a leitura pode ser feita com diferentes finalidades. E é através dela que um bom leitor pode adquirir conhecimentos suficientes que o levará ao sucesso. Contudo, para chegar ao sucesso é preciso conhecer algumas técnicas de leitura e colocá-las em práticas a partir de uma finalidade principal como:
Determinar inicialmente a principal finalidade da leitura, mantendo as unidades de pensamento, avaliando o que se lê;
Escolher os textos, livros, apostilas etc. tendo em vista a finalidade principal da leitura;
Ler com objetivo determinado, preocupando-se com o conhecimento de todas as palavras;
Interromper a leitura quer periódica quer definitivamente se perceber que as informações não são as que esperavam ou não são mais importantes;
Discutir frequentemente o que foi lido com colegas, professores e outras pessoas.
Observa-se que todas essas finalidades são importantes porque a leitura não é simplesmente o ato de ler, mas é sim, uma questão de hábito ou aprendizagem, que pressupõe uma teoria que fundamenta o método, uma estratégia a ser empregada, um conjunto de técnicas e treinamento.
Diante disso, não há, portanto, soluções miraculosas para fazer uma boa leitura, é preciso que o interessado pela leitura conheça os métodos, verifique sua real contribuição e através do treinamento adquira hábitos de leitura tecnicamente mais adequados.
De acordo com as discussões sobre leitura, percebe-se que para uma pessoa entrar na aventura da linguagem é preciso que ela goste de ler, que leia muito e principalmente envolva-se com o que ler.
Sendo assim, as manifestações lingüísticas especificadas sobre a forma de escrita possibilitam o armazenamento e a transmissão de conhecimentos. Ao adquirir o saber da leitura o homem se torna capaz de decifrar e decodificar os códigos escritos e, conseqüentemente, construir seu próprio pensamento. Adquire-se esse saber na escola, porém, o ato de ler acompanha o indivíduo ao longo da sua existência na escola e fora dela.
Sobre esse aspecto, LAJOLO (2004, p. 7) esclarece:
Lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode (nem costuma) encerrar-se nela.
Para tanto, os profissionais da educação, principalmente os que estão ligados diretamente ao processo de ensino-aprendizagem, devem tomar consciência do papel de transformação que a leitura permite ao cidadão, e juntos descobrir o prazer que o ato de ler proporciona como também aventurar-se por todos os tipos de leitura e, inclusive as de maior transito social, pois, como já dizia o poeta João Cabral:
[...] um galo sozinho não tece uma manhã;
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lançe a outro; e.de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

Sem dúvida, esse pequeno trecho apresenta aos leitores que tecendo a manhã conota artesanato, solidariedade e diálogo, construindo uma metáfora que sublinha aspectos relevantes para uma reflexão sobre o papel da leitura numa sociedade democrática, como também que os bons leitores devem contagiar todas as pessoas em sua volta demonstrando o prazer que adquire quando se aventura no mundo da leitura.


ARTIGO:
Literatura e expressões identitárias (ELIENE SOUZA OLIVEIRA)

A literatura reflete e revela os valores, crenças e costumes de cada período histórico. A través das obras literárias pode-se perceber a cultura de um povo em determinada época. À medida que os escritores iam vivendo esses períodos, deixavam-os registrados. Sua obra era testemunha disso. As mudanças que, com o passar do tempo, iam ocorrendo eram refletidas na literatura.
Tendo sua origem na Grécia, a literatura se expandiu por outros países como Portugal e Brasil. Em Portugal ela teve início por volta de 1198, através da conquista das terras brasileiras pelos portugueses e principalmente nas viagens missionárias dos jesuítas no século XVI, chegou ao Brasil. A literatura Portuguesa influenciou muito a literatura brasileira. Os períodos literários portugueses foram divididos em: Trovadorismo, Humanismo, Renascimento ou Classicismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Simbolismo e Modernismo. Os períodos literários brasileiros acompanharam os de Portugal.
A obra literária brasileira teve por muito tempo a influência da literatura portuguesa. As tendências literárias foram trazidas ao Brasil pelos portugueses, na época da colonização. Com o passar do tempo a literatura brasileira adquiriu seu próprio estilo. A obra literária segue refletindo os valores e costumes de cada época, na medida em que foram sendo vividos cada período.
Além da literatura, os portugueses introduziram no Brasil sua língua, na qual sempre vem ocorrendo modificações, visando à unificação e simplificação dos sistemas ortográficos e com o intuito de aproximar mais o idioma dos países que falam o português. Segundo ALVIM (2000 p. 13):
Nem todos os países falam línguas que lhes sejam próprias. Se em Portugal se fala o português, em França o francês [...]. O nosso Brasil está colocado entre os países sem língua própria. Descoberto em 1.500 por Pedro Álvares Cabral [...] introduziram a sua língua. A língua própria do Brasil seria o tupi, falado pela maior parte dos nossos indígenas, mas o tupi foi inteiramente suplantado pelo português.
Diante disso, percebe-se que uma das principais influências culturais advindas de Portugal foi a língua. Porém, por ser dinâmica ela sofreu algumas alterações através dos contatos que as pessoas iam mantendo com grupos diferentes.
A literatura revela as relações do homem com o mundo e com seus semelhantes. Dentre os diversos temas focados na literatura brasileira, encontram-se assuntos que reflete a violência, que de certa forma surgiu como constitutiva da literatura brasileira. Desde a conquista, a ocupação, a colonização, o aniquilamento dos índios, a escravidão, as lutas pela independência, a formação das cidades e dos latifúndios, os processos de industrialização, o imperialismo, as ditaduras, entre outros, a violência sempre esteve presente.
Segundo BATISTA (2008) "a língua não é simplesmente um reflexo da realidade, mas produtora de cultura". Para ele a língua de Portugal, Brasil e os demais países que falam o Português precisa ser a mesma ou então desapareceremos culturalmente.
Para WILLER (2008) "a modalidade literária entre Brasil e Portugal foi se enfraquecendo ao longo do século XX devido influência de textos de alguns poetas brasileiros". Porém, atualmente muitos escritores brasileiros e portugueses vêm trabalhando para a consolidação da lusofonia.
O escritor utiliza a língua para compor uma realidade nova, mantendo uma relação com a vida em cada momento histórico. Ao longo da história da língua portuguesa a obra literária foi concebida de diferentes formas.
A língua portuguesa teve uma evolução importante. As tendências literárias de Portugal por muito tempo influenciaram a literatura brasileira. Mesmo ela adquirindo seu próprio estilo, e distanciando-se da de Portugal, ainda há traços de sua cultura. Atualmente escritores e linguistas procuram consolidar a língua e a literatura a fim de que haja uma aproximação maior entre os países que falam a língua portuguesa.

A Literatura em sala de aula

Vive-se numa sociedade marcada pelos contrastes. De um lado uma maioria populacional, condicionada à pobreza, e, de outro uma minoria economicamente e socialmente bem sucedida. Nesse contexto, vários resultados de pesquisas e estatísticas apontam níveis elevados de analfabetismo funcional, a ponto de apenas uma pequena parte da população chegar ao grau correspondente à capacidade de interpretar textos mais complexos. É comum ouvirmos dizer que, a sociedade brasileira escreve e se expressa mal, pois falta o hábito da leitura. Por conseguinte apresentam dificuldades de raciocínio, compreensão e interpretação da realidade. Este fato pode estar relacionado à crise da literatura, apontada por alguns estudiosos, como nos afirma a ensaista Leyla Perrone Moisés (1998, p. 15): "... a literatura fundamentada em valores, tal como concebida pelos modernos, ainda existe? (...) A literatura que durante séculos ocupara um papel relevante na vida social, tornou-se cada vez menos importante. (...) A literatura não desapareceu, mas recolheu-se a um canto".
Parece contraditório esse pensamento diante da imensa produção de livros que presenciamos na atualidade. Porém, o clássico jargão "quantidade não reflete qualidade" ainda se repete. Muitas vezes temos bons livros e não determinamos um tempo para uma boa leitura.
A literatura é feita pelo homem e por ele deve ser absorvida, independente das diferenças sociais, pois faz pensar, promove visões sobre o indivíduo, cultiva emoções, representa verdadeiramente a identidade de um povo, enfim, pode contribuir na luta pelos direitos do homem, fomentando a ideia de uma sociedade mais justa e, portanto, mais humana.
A identidade é construída a partir de um repertório cultural que se apresenta na sociedade, que pode se expressar como conhecimento científico, práticas artísticas ou religiosas. CASTELES (2000, p.22) caracteriza a identidade como “o processo de construção de significado com base em um atributo cultural, ou ainda, um conjunto de atributos culturais inter-relacionados, os quais prevalecem sobre outras fontes de significados”.
Sem dúvida, sendo a literatura a arte da palavra, a mesma deve estar na vida cotidiana de pobres e ricos, pois reflete sobre manifestações ficcionais que expressam os valores, a cultura e a identidade do contexto ao qual o homem pertence.


ARTIGO: LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO EDUCATIVO

ARTIGO: LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO EDUCATIVO

ELIENE SOUZA OLIVEIRA -PROFESSORA, GRADUADA EM LETRAS, PÓS GRADUADA EM METODOLOGIA DE ENSINO DO PORTUGUÊS E LITERATURA

A leitura e a escrita estão presentes em diversos aspectos de nossa vida e a escola não as deixa para trás, pois, é por meio da linguagem que o ser humano age, criando e recriando um mundo que não é só fruto de projeções e representações individualizadas por meio da língua, mas resultado de práticas sócio-interativas. Daí, afirmar-se que a língua é uma atividade constitutiva e criativa, que implica ação conjunta do sujeito e também considerar a concepção dos processos de oralidade e de escrita como práticas sociais e históricas atualizadas no uso efetivo da língua.
A leitura e a escrita, são duas modalidades da língua consideradas muito importantes no meio social. O ser humano precisa saber ler bem para que possa ter bom êxito em muitas áreas da sua vida. Esse ato, na maioria das vezes foi confundido com a possibilidade de reconhecer e decodificar o código escrito, todavia fazer isso é meramente decifrar. Ler envolve mais saberes e, como diria Rolland Barthes, muito mais “sabores”. Leitura é uma atividade primordial no contexto do mundo atual. Ela desperta nas pessoas hábitos e pensamentos, desenvolvendo a dimensão lógica e racional própria do ser humano, ao longo de toda a sua existência. Segundos os PCN: LP (SEF, 1997, p. 54):
Um leitor competente só pode construir-se mediante a uma prática constante de leitura de textos de fato, a partir de um trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de textos que circulam socialmente. Esse trabalho pode envolver todos os alunos, inclusive aqueles que ainda não sabem ler convencionalmente.
Ao ler, desencadeamos mecanismos de organização e de estrutura formal inerentes ao texto. Mas, a atividade de leitura não deve restringir-se somente ao nível formal de apreensão do texto. Ela deve ser vista e entendida como uma atividade reflexiva, capaz de elaborar a experiência de vida e de desenvolver uma racionalidade e uma concepção de mundo. Para BRANDÃO (1997), o ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de intelecção de mundo que envolve uma característica essencial e singular ao homem: a sua capacidade simbólica e de interação com outro pela mediação da palavra.
A prática da leitura representa um fenômeno social, ou seja, um trabalho realizado por meio da leitura e da produção de texto é muito mais que decodificação de signos linguísticos. É um processo de construção de significados e atribuição de sentido; é uma atividade que ocorre no meio social através do processo histórico da humanização. Nesse sentido, o trabalho com a leitura e a escrita adquire o caráter sócio histórico do diálogo, segundo BAKHTIN (1981, p.95). “A linguagem por sua vez, constitui-se na representação social, a palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial”.
Ler é um processo dinâmico e ativo implicando não só a apreensão do significado do texto, mas a incorporação de nossa experiência e visão de mundo como leitor. A cada leitura essa interação dinâmica leitor/texto favorece a produção e a escrita de novo conhecimento e a expressão de uma linguagem diferenciada.
Ao conhecer o ato de ler como um processo dinâmico, naturalmente, está priorizando a formação de um leitor crítico e criativo.
Ler é quase comentar um texto; é sublinhar com a voz, as palavras essenciais... É ainda se colocar em harmonia com os sentimentos que o autor exprime entregá-los e comunicá-los em torno de si: um sorriso, uma voz emocionada, olhos em que se pode ver lágrimas despontando, tudo isso é um comentário que dura longamente. “Uma fisionomia fala tanto quanto a voz”. (CALAIS, 1907 apud: CHARTIER & HÉBRARD. P.261).
Entretanto, é necessário compreender que leitura e escrita são práticas complementares, fortemente relacionadas, que se modificam mutuamente no processo de letramento. São práticas que permitem ao aluno construir seu conhecimento sobre os diferentes gêneros, sobre os procedimentos mais adequados para lê-los e escrevê-los sobre as circunstâncias de uso da escrita. “Aprende-se a ler e escrever lendo e escrevendo, vendo outras pessoas lerem e escreverem, tentando e errando, sempre guiados pela busca do significado ou pela necessidade de produzir algo que tenha sentido”. (POSSENTI. 1997, p 67, 68,69).
Sabe-se que a leitura e a escrita são processos complexos e devem ser bem estruturados, pois a partir deles serão alicerçadas as demais aquisições do conhecimento. A humanidade evolui e à medida que isso acontece os desafios tornam-se cada vez mais difíceis e o individuo deve estar preparado para essa evolução.
Muitas vezes, aprendemos alguns modos de ler que já não mais condizem às necessidades do mundo atual. Desta forma cada leitor precisa “esquecer” algumas técnicas de ler adotadas pelas instituições educacionais que cada vez mais demonstram a sua ineficácia na formação de sujeitos leitores, e construir seus modos de ler. Para se obter uma boa leitura, é preciso levar em consideração algumas etapas nesse processo; são elas: a obtenção da informação; o uso consciente ou inconsciente de estratégias de compreensão leitora; a avaliação da informação obtida e a produção de um juízo de valor sobre o lido. Para SOLÉ (1998), a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto; neste sentido tenta-se satisfazer obter uma informação pertinente para os objetivos que guiam sua leitura.
A escola é o espaço privilegiado para desenvolver no educando habilidades de leitura e escrita, porém antes de tudo precisa estimular e conscientizar o aluno da importância de ler e escrever para o exercício da cidadania.
De acordo com as pesquisas governamentais do IDEB e da Provinha Brasil, a grande maioria dos alunos das escolas públicas do Brasil lêem pouco e escrevem mal.
O que está faltando para solucionar esse problema? Para esclarecer essa questão, é necessário explicitar as diferenças entre posições teóricas sobre o tema e a aprendizagem da leitura e da escrita e suas implicações didáticas. Então, faz-se necessário analisar pelo menos duas diferentes posições que definem diferentes didáticas.
Provavelmente a mais importante diferença entre as duas, no momento mais conhecidas vertentes da didática em nosso país está relacionada às diferentes concepções de aprendizagem que as fundamentam: o construtivismo interacionista de uma e o empirismo behaviorista das outras.
A metodologia do behaviorismo concebe o aprendiz como sujeito ativo, construtor de conhecimento. Como alguém que pensa sobre a escrita presente no mundo em que vive, desde que desse mundo também façam parte leitores que possam interpretá-la para ele. Por outro lado o construtivismo ignora o fato de que tratando a escrita como pura transcrição da fala, o que se obtém é uma linha direta para o analfabetismo funcional. Porém defende que para saber o que pensa o aprendiz sobre o sistema de escrita, é preciso solicitar-lhe que escreva textos que não lhe foram ensinados previamente e pedi-lhe para interpretá-lo logo depois de grafar cada elemento cada parte escrita. Então, fica evidente que pela abordagem behaviorista, não é possível supor que o aluno saiba algo sobre a escrita sem que alguém lhe tenha ensinado. Menos ainda que o aluno utilize as informações que capta para constituir um sistema de escrita que não existe em sua língua. Para TELMA WEISZ (2004 p. 57) “aprende-se a ler e escrever através de um processo dialético, no qual a aprendizagem acontece pela superação das contradições entre idéias do próprio aprendiz e destas com relação à escrita convencional.”
Diante disso, o problema da maioria dos alunos lerem pouco e escreverem mal se dá porque a teoria do conhecimento empirista dominou tudo o que se fez em alfabetização até a publicação no Brasil, do livro Psicogênese da Língua Escrita. Segundo FERREIRO (1987) “A redução do processo de alfabetização a simples memorização de um conjunto de correspondências grafônicas reduz também do sistema de escrita à mera aprendizagem de um código”.
Em razão dessas concepções citadas anteriormente observa-se que o individuo aprende a ler e escrever à medida que vai elaborando novas hipóteses sobre o sistema de escrita. Então, a oralidade e a escrita são, portanto, práticas interdependentes nas sociedades atuais e não podem ser tomadas como estanques e isoladas. Trata-se de processos que não são neutros, enquanto condições discursivas das formas de produção de conhecimento, e nem há entre eles uma supremacia em termos cognitivos, pois são modos de representação cognitivas e social que se revelam em práticas específicas.
A primícia fundamental do trabalho com a linguagem é buscar ver que o homem se comunica pela linguagem e tem acesso à informação, expressa e defende as suas opiniões, partilha ou constrói visões de mundo, enfim, produz conhecimento.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCN/LP) destacam que a linguagem é uma forma de ação interdirecional orientada por uma finalidade específica; um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos da suas histórias. (p. 22 - 23).
Partindo desse pressuposto, a escola tem a responsabilidade de garantir aos alunos o domínio da língua oral e escrita, pois é ela o instrumento que lhes dá acesso a uma vida social plena. A língua é uma forma de comunicação necessária para o exercício da cidadania, já que amplia as possibilidades de informação e conhecimento. Essa habilidade pode ser construída e é uma das questões mais importantes no dia-a-dia da escola.
Portanto, para ter o domínio da língua é necessário que toda comunidade escolar – pais, direção, professores e alunos - tenham intimidade com a leitura e a escrita. Para chegar a esse nível, é necessário um prolongado convívio com os textos, uma verdadeira imersão na leitura. Um convívio que só experimenta quem é de fato leitor: quem consome livros, freqüentam livrarias, bibliotecas, bancas de revistas. Quando falta leitura, escrever é difícil. E o imaginário é mais pobre, a vida mais tosca e limitada. Então, fica fácil a escola avaliar se está, de fato, formando leitores, basta analisar. Seus alunos freqüentam a biblioteca com iniciativa própria? Tomam livros de empréstimo? Compram livros? Lêem de forma independente das atividades escolares? Estão formando sua biblioteca pessoal ou são sócio de uma biblioteca pública?
O mundo atual demanda gente capaz de usar a escrita para construir conhecimentos e se expressar. Por isso, a escola precisa reduzir o tempo gasto em exercícios gramaticais e fragmentos de textos e, investir de fato, em leitura extensiva. Formar leitores de obras literárias, onde a experiência de viver é confrontada e enriquecida; de ensaios e de textos científicos que ampliam o conhecimento. Então, é imprescindível que as escolas, de modo geral sejam ambientes culturais efervescentes, de onde possam sair grandes leitores, capazes de se expressar com desenvoltura usando a língua oral e escrita.
Diante disso, não se pode falar em educação, sem mencionar a língua, pois a aprendizagem está diretamente ligada com o ensino da linguagem e esta faz parte da identidade cultural de um povo. Para que haja educação igualitária para todos, precisa-se conhecer e respeitar as diferentes formas de falar de cada pessoa. Pois o campo educativo onde crianças e jovens se inserem, apresenta uma ampla diversidade de experiências marcadas pela própria divisão social do trabalho e das riquezas, o que vai delinear as classes sociais e, consequentemente, influencia na forma de falar de cada um. Assim, torna-se tão importante para a educação, se trabalhar com o uso correto da linguagem utilizada pelo educando.
Segundo POSSENTI (1997), à escola deve caber a função de permitir que todos os usuários da língua possam ter as mesmas condições, ao menos as linguísticas, para disputar espaços nos meios cultural, econômico, e profissional.
Nessa medida, os livros didáticos e o uso da gramática, também fazem parte desse contexto, já que apresentam variadas formas de se trabalhar a linguagem. A escola deve trabalhar para que todos os alunos, ao cabo de alguns anos, sejam capazes de ler e escrever, na língua padrão, textos das mais variadas tipologias; o que não se consegue apenas por exercícios, mas através de práticas significativas.
Contudo, POSSENTI (1997), salienta que é necessário fazer uma distinção entre o que seja saber gramática, saber fazer análises linguísticas e o que seja saber a língua – saber falar, escrever, e constituir-se, enfim em um usuário eficaz da língua.
Nesta perspectiva, nota-se que os educadores precisam refletir constantemente sobre as questões polêmicas que envolvem a leitura e escrita no mundo educacional. Para MOREIRA (1997), “a capacidade de refletir criticamente sobre sua própria prática e de articular essa reflexão para si próprio e para os outros, pode ser pensada como uma habilidade essencial que todo professor bem preparado deveria ter”.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO - ARTIGO DE MINHA AUTORIA

A LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE PORTUGUÊS

RESUMO: A busca pela autonomia científica da linguística aplicada (LA) tem sido discutida há anos pelos profissionais da área, cuja resistência pode ser detectada como consequência de seu percurso histórico. Neste sentido, este trabalho visa destacar alguns fatores responsáveis pela origem e desenvolvimento da LA, evidenciando as condições que propiciaram seu surgimento no cenário linguístico e seu esforço na busca pela autonomia.

Palavras-chave: Linguística, Língua, Interação.

ABSTRACT:
The search for scientific autonomy of applied linguistics (AL) have been debated for years by professionals whose resistance can be detected as a result of its history. Thus, this work aims to highlight some factores responsible for the origin and development of applied linguistics, demostratring the conditions that resulted in its emergence linguistic landscape and its effort in the search for autonomy.

Key Words: Linguistic, Language, Interaction.

Perspectiva histórica do termo “Linguística Aplicada”
Para iniciarmos a caminhada pelos caminhos da linguística aplicada 2(LA) precisamos descobrir que ciência é esta, qual a relação que ela mantém com a linguística e qual o seu objetivo maior.
Para Bernadete Abaurre (2005), a linguística é um campo de estudos muito amplo, que toma por objeto de estudo, de investigação, os mais variados aspectos associados às questões da linguagem. Para José Luiz Fiorin (2005), a linguística seria o estudo dos componentes estruturadores da linguagem: a fonologia, a morfologia, a síntaxe e a semântica. Para Geraldi (2005), é uma ciência, uma prática social como qualquer outra que produz saberes organizados ou organiza saberes.

1Eliene Souza Oliveira – Graduada em Letras, Pós-Graduada em Metodologia de Ensino da Língua Portuguesa e Literatura.

ARTIGO SOBRE LINGUÍSTICA - ELIENE

Para Ingedore (2005), é a teoria da linguagem verbal, a ciência da linguagem verbal, um sistema linguístico como afirma 3Sauserre na metáfora do jogo de xadrez, o tabuleiro, as peças, as regras de combinação em todos os níveis, abrangendo vários domínios, individual e social, havendo uma focalização muito grande na prática social. Diante disso, se faz necessário compreender a diferença entre a linguística geral e a LA.
Para o 4gerativismo, a língua é um fenômeno criativo constituído por um número finito de regras que permitem ao falante formar um número infinito de sentenças gramaticais, segundo as concepções divulgadas por Chomsky na década de 50, essa teoria contribuiu para o aprimoramento do ensino de línguas no sentido de compreensão mais profunda do funcionamento do sistema da língua estudada bem como as generalizações feitas por tal gramática, o que facilitaria o aprendizado de uma língua estrangeira.
A LA surgiu nos anos 40 deste século. Em 1946 mais precisamente, foi oficialmente reconhecida como disciplina na 5Universidade de Michigan quando o termo foi usado pela primeira vez como subtítulo de uma revista acadêmica, e está intimamente ligada ao contexto sócio-político que se apresentava na América do Norte durante a década de 40. Naquele momento, o mundo passava pela Segunda Grande Guerra e era imprescindível que os soldados americanos aprendessem de modo rápido e eficaz a falar a língua do pacífico e dos outros locais para onde seriam enviados.
A LA, enquanto ciência com metodologia e conceitos próprios, ainda hoje é constantemente questionada pelos estudiosos da área da linguagem. Decorrente do amadurecimento intelectual dos linguistas aplicados, o desenvolvimento da referida disciplina atravessou várias etapas, as quais foram essenciais para uma formação mais consciente do profissional envolvido neste campo nos dias atuais.

3Ferdinand de Saussure (Genebra, 26 de novembro de 1857) foi um linguista e filósofo suíço cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência e desencadearam o surgimento do estruturalismo. Além disso, o pensamento de Saussure estimulou muitos dos questionamentos que comparecem na linguística do século XX.

4 O Gerativismo ou Teoria gerativa é uma tentativa de formalização dos fatos linguísticos, aplicando um tratamento matemático preciso, explícito e finito às propriedades das línguas naturais.. Ele foi criado por Noam Chomsky, em oposição ao estruturalismo bloomfieldiano.

5Northern Michigan University é uma universidade localizada na cidade de Marquette, Michigan nos Estados Unidos. Fundado em 1899, é a maior universidade na península superior do Michigan.
Sendo a LA um ramo da linguística que se ocupa da utilização dos conhecimentos da mesma para “solucionar problemas”, está diretamente ligada à aplicação dos conhecimentos teóricos em problemas práticos da vida social a fim de solucioná-los, geralmente referentes ao processo de ensino e aprendizagem. Seria a aplicação de princípios científicos conhecidos a um problema prático, com a preocupação simultânea de desenvolvimento de novos princípios baseados em percepções desenvolvidas no estudo da solução. Segundo PARKER (apud Bohn), ciência pura ou básica que pode ser definida por uma investigação fundamental, teórica ou experimental que visa desenvolver o conhecimento científico não sendo a aplicação prática imediata um objetivo direto.
Por outro lado, segundo tal autor, a ciência aplicada seria dirigida ao uso do conhecimento gerado pela pesquisa básica para fazer coisas ou criar situações que servirão a um propósito prático ou utilitário. Esta dicotomia entre ciência pura e ciência aplicada surgiu em meados do século XVII, mas somente nos fins do século XIX, esses termos passaram a ser usados universalmente. O termo “aplicado”, não era bem visto por cientistas da época, pois estava ligado ao caráter utilitário. Somente depois da II Grande Guerra, as ciências aplicadas passaram a ser reconhecidas e passaram a usufruir de prestígio, tal qual as ciências puras.
Aqui no Brasil, a LA tem uma história recente, cujo início data das décadas de 670 e 80. A disciplina se disseminou principalmente através dos programas de pós-graduação e associações criadas visando o intercâmbio de pesquisa docente. A ciência pura, descreve o fenômeno mesmo sendo um problema relacionado à linguagem, só que o problema não será solucionado, apenas constatado; já a LA vai buscar a solução para este problema. Daí a distinção entre linguística versus LA. Existem alguns conteúdos da linguística que parecem se relacionar com a LA: primeiro, a explicitação de modelos descritivos; segundo, as metodologias usadas na aplicação do modelo descrição de algum problema linguístico específico ao nível morfológico,fonológico, sintático e semântico; terceiro, os resultados descritivos obtidos. Sendo assim, uma das tarefas do ensino de língua na escola seria, portanto, discutir criticamente os valores sociais atribuídos a cada variante linguística, chamando a atenção para a carga de discriminação que pesa sobre determinados usos da língua, de modo a conscientizar o aluno de que sua produção linguística, oral ou escrita, estará sempre sujeita a uma avaliação social, positiva ou negativa. Diante disso é necessário que o profissional de letras saiba reconhecer os fenômenos linguísticos que ocorrem em sala de aula, reconhecer o perfil sociolinguístico de seus alunos para, junto com eles, empreender uma educação em língua materna que leve em conta o grande saber linguístico prévio dos aprendizes e que possibilite a ampliação incessante do seu repertório verbal e de sua competência comunicativa, na construção de relações sociais permeadas pela linguagem cada vez mais democrática e não-discriminadora.
A LA tem uma forte relação com o ensino. Mas seria este o objeto dela? Será que o linguista trabalha só com problemas relacionados ao ensino de línguas? Será que esses problemas só são observados em línguas estrangeiras? Será que não se aplicam aos problemas da língua materna, em nosso caso, a língua portuguesa? Durante a leitura dos textos indicados e nas discussões em sala de aula, percebi que a disciplina em questão é muito mais abrangente do que simplesmente “aplicar a linguística”. Existem vários campos de atuação da LA, como: Uso de princípios linguísticos para objetivos práticos; realimentação da linguística, com aplicação de teorias e teorização sobre tais aplicações; sociolinguística; psicolinguística; neurolinguística; análise do discurso; conhecimentos implícitos e explícitos na aprendizagem de línguas; interação e ensino; tradução; bilinguismo; fronteiras lexicais; patologias da linguagem; produção de livros e materiais de ensino; programas de alfabetização e outros.
A Linguística Aplicada é abrangente e multidisciplinar em sua preocupação com questões de uso da linguagem. Ela tem um objeto de estudo, princípios e metodologia próprios, e já começou a desenvolver seus modelos teóricos. Dada sua abrangência e multidisciplinaridade, é importante desfazer os equacionamentos da linguística aplicada com a aplicação de teorias linguísticas e com o ensino de línguas. (cf. CAVALCANTI, 1986:09).

Inicialmente,a LA busca soluções para problemas relacionados à linguagem. É óbvio que ela procura, nas teorias linguísticas, conceitos e dados para suas investigações. Porém, ela não se alimenta apenas na linguística, mas também da sociologia, da psicologia, da antropologia, da etnografia e de todas as ciências relacionadas com a psicolinguística e com a sociolinguística.
Deve-se ressaltar que a LA busca subsídios teóricos em várias áreas de investigação relevantes. Portanto, nada mais natural do que observar os problemas relacionados à linguagem, dentro de uma perspectiva holística, isto é, considerando o homem como todo, inteiro centrado em si e em sociedade.
Analise a situação: Imagine uma família de japoneses morando no Brasil. Pai, mãe, avós, vindos de um país cuja língua não é o português. Eles já chegaram aqui falando sua língua e tiveram de aprender o português. Passaram a viver entre dois mundos: dentro de casa, com seu idioma nativo, já nas ruas, no trabalho, com vizinhos, tendo que falar português, que para eles, era uma língua estrangeira. Imagine que essa família teve filhos que aprenderam naturalmente a falar português e japonês e sabem usar tanto uma língua quanto outra em diferentes situações de comunicação. Para eles não existem uma língua mais importante ou com mais prestígio que a outra.
Essa por exemplo, é uma situação de bilinguismo, que também pode ser estudada e analisada pela sociolinguística. O filho do casal é bilíngue porque domina de maneira igualitária os dois idiomas. Além disso, apresentam valores sociais iguais, sendo que são usados de acordo com o ambiente em que o falante está. Então, como pôde constatar, o campo de atuação da LA é tão vasto, que nos permite trabalhar com todos os problemas que envolvam a linguagem, sob todos os aspectos. A LA é uma área de investigação de domínio próprio que tem como objetivo identificar e analisar questões de linguagem na prática dentro ou fora do contexto escolar.
Desta forma, é natural, também, adotar outros métodos e outros conceitos que estejam fora do campo da linguística para este tipo de observação. O que faz com que a LA tome de outras ciências conceitos e métodos é justamente a natureza subjetiva de seu objeto de estudo: a linguagem. Esta não é investigada em si e por si, conforme indicava o 7estruturalismo nos anos iniciais da linguística enquanto ciência, mas a língua e a linguagem em uso, dentro de
seu contexto, considerando o que faz parte dela, no seu funcionamento em sociedade.
Vejamos um pouco sobre as ciências e como elas se relacionam com a LA.
A Psicologia e a Sociologia: busca conhecer um pouco do comportamento humano, isso nos facilita a compreensão de padrões de uso da linguagem,
afinal a linguagem é uma das habilidades humanas motivada por comportamentos sociais e atitudes diante do mundo, do outro, da própria língua e de si mesmo. Na busca de soluções para problemas de linguagem, é importante considerar o que o comportamento do falante motiva em termos de realizações da língua e do uso da linguagem.
Para a antropologia, a cultura ocupa um lugar especial, pois o que o homem representa para o mundo, para outros povos, é o conjunto do que ele faz, pensa, acredita, gosta. Isso é a sua cultura. A língua também faz parte de sua cultura, desse mundo no qual ele vive, seus valores, costumes e crenças. Portanto, nada mais natural que, observar a língua de uma comunidade, observar sua cultura e a relação da língua com a cultura em si.
Na relação entre a LA e a etnografia é investigado dados acerca de uma população de uma nação ou de uma comunidade para observar como os aspectos organizacionais daquela comunidade podem interferir em aspectos linguísticos. Nesse tipo de trabalho, podemos contar com a ajuda da sociolinguística trazendo informações ou métodos que auxilie a análise do que está sendo observado.
Para a neurologia, que é um campo da medicina que tem por objeto de análise e investigação os mecanismos neurológicos do ser humano, estuda e diagnostica como o cérebro humano funciona, quais as zonas cerebrais que atuam em dadas situações. Por ser uma atividade mental, neurológica, a comunicação humana também é estudada no campo da neurologia, para explicar patologias, para identificar processos biológicos e químicos que interfiram na fala e na escrita no uso da língua em geral pode-se recorrer nas pesquisas neurológicas informações que auxiliem na análise e no estudo de um fenômeno da linguagem.
Felizmente o Brasil é um país rico em linguistas, e muitas pesquisas são feitas não só no campo da descrição linguística, mas também da aplicação dos conhecimentos investigados na educação e na sociedade. Com relação ao ensino de língua materna, podemos dizer que, atualmente, os estudos relacionados à aquisição de linguagem, a alfabetização, o letramento e as relações entre linguagem e trabalho são campos que dependem diretamente dos avanços de pesquisas em LA para o seu desenvolvimento.
Podemos afirmar que todas as línguas constituem formas preferenciais de identificação cultural no uso que dela faz o falante em seu quotidiano contribuindo para a realização do indivíduo como membro de uma comunidade, justificando assim, a importância atribuída ao ensino da língua materna. Com relação a aplicabilidade e funcionalidade da língua, a segunda parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Ensino Fundamental para terceiro e quarto ciclos, chama a atenção para a maneira como são apresentadas as diferentes práticas de trabalho com a linguagem, cujo objetivo é desenvolver no aluno:
O domínio da expressão oral e escrita em situações de uso público da linguagem, levando em conta a situação de produção social e material do texto (lugar social do locutor em relação ao(s) destinatário(s); destinatário(s) e seu lugar social; finalidade ou intenção do autor; tempo e lugar material da produção e do suporte) e selecionar, a partir disso, os gêneros adequados para a produção do texto, operando sobre as dimensões pragmática, semântica e gramatical (p. 49).
A análise do discurso (AD) é o campo da linguística que, de um modo geral, estuda a maneira como a língua passa a ter significado quando está sendo usada. Seu objeto é, não só a língua em uso, mas sim a língua numa dimensão sócio-histórica - política. A LA bebe das fontes da AD quando passa a adotar conceitos desenvolvidos e aplicados neste outro campo. Entre esses conceitos, podemos citar a noção de sujeito. De maneira simplificada, sujeito é um “eu”, mas não um eu isolado. Ele é constituído de ideologias e representa um discurso coletivo, ou seja, sua identidade só se define através do que ele percebe que tem em comum ou diferente nos outros “eus” da sociedade. Assim ao observar como o professor de Português se identifica, e como o aluno e o livro didático veem o professor, parte-se do princípio de que a identidade é o que diferencia um sujeito do outro, não em termos físicos, mas em termos do que ele pensa, sente e acredita.
Diante de tantos métodos, tradicionais ou não, de tantas correntes pedagógicas e linguísticas, e da própria tradição gramatical, podemos analisar como a LA pode ser útil no planejamento e aplicação de uma avaliação coerente do que realmente interessa no processo ensino/aprendizagem de língua materna. O professor de língua materna avalia o aluno nos seguintes aspectos: adequação do conteúdo gramatical à produção oral e escrita do aluno; o grau de compreensão do aluno e a habilidade de adequar linguisticamente aos vários contextos e as diferentes situações de uso real da língua e, ainda, a atuação crítica do aluno na sociedade, através da construção do seu conhecimento e da sua cidadania, pela linguagem.
Outra forma que a LA pode ajudar é através da pesquisa que é um tipo de investigação realizado por pessoas em ação em uma determinada prática social sobre esta mesma prática, em que os resultados são continuamente incorporados ao processo de pesquisa, constituindo um novo tópico de investigação, de modo que os professores pesquisadores, estejam sempre atuando na produção de conhecimentos sobre a sua própria prática, envolvendo os processos de ensino / aprendizagem, no próprio ato de ensinar e aprender. A finalidade da pesquisa é permitir ao professor acumular evidências para desenvolver teorias sobre o que esteja pesquisando, por isso é muito importante a divulgação dos resultados através de relatórios, congressos ou seminários. É aí que entra a LA, na problematização do ensino de língua portuguesa, a partir dessas problemáticas, podemos desenvolver vários projetos de pesquisa.
Um dos aspectos da competência discursiva é o sujeito ser capaz de utilizar a língua de modo variado, para produzir diferentes efeitos de sentido e adequar a diferentes situações de interlocução oral e escrita. Segundo os PCNs de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental (1998, p.23) apontam qual a forma que a escola deve trabalhar com os alunos e, uma dessas competências a serem desenvolvidas, é justamente, a competência discursiva, nas quais estão envolvidas as competências linguísticas e estilísticas.
O ensino de Língua Portuguesa seguiu e ainda segue, em alguns contextos uma concepção de linguagem que não privilegia, no processo de aquisição e no aprimoramento da língua materna a história, o sujeito e o contexto (TRAVAGLIA, 2000), pautando-se, no repasse de regras e na mera nomenclatura da gramática tradicional.

Ao desenvolver essas competências, o aluno sabe como interagir verbalmente, isto é, por meio da linguagem, em qualquer situação com a qual tenha contato, adequando seus padrões linguísticos ao contexto e ao tipo de texto que produz nessa interação. Ele utiliza o código linguístico de acordo com a variante que é adequada ou não para a situação, verifica o grau de formalidade que a situação exige e, desenvolve o texto segundo o gênero cabível para o seu contexto.
Desta forma, espera-se que o aluno se posicione de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; utilizar as diferentes linguagens verbal, musical, gráfica, plástica e corporal-como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação e por fim, saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimento. Segundo Fiorin (2005, p.17), “... a linguística não se compara ao estudo tradicional da gramática; ao observar a língua em uso, o linguista procura descrever e explicar os fatos: os padrões sonoros, gramaticais e lexicais que estão sendo usados, sem avaliar aquele uso em termos de outro padrão: moral, estético ou crítico. Dessa forma, a análise linguística inclui tanto o trabalho sobre questões da gramática quanto do texto, como coesão e coerência e principalmente a reescrita do texto, porém é claro que o professor pode organizar atividades, simultâneas ao texto, sobre aspectos do sistema da língua, compreendendo assim o fenômeno linguístico num conjunto. A pragmática também se relaciona com a LA e pode ser definida como o conjunto de modelos de estudo da linguagem que a tomam dentro de um contexto, observando aspectos culturais que fazem parte do processo de comunicação, podendo ser chamada de ciência do contexto. Justamente aí, na formação de nossa capacidade de dizer e de nos dizer, está o extraordinário poder da linguagem de potencializar nosso pensamento, de nos ensinar a pensar com alguma associação, por comparação-além de construir nossa história pessoal, nossa intersubjetividade, nossa identidade.

CONCLUSÃO


Apesar de a LA ser uma ciência jovem, segundo a visão da maioria dos autores aqui relacionados, nestas poucas décadas, ela tem produzido cada vez mais na forma das diversas pesquisas relacionadas à sua área de atuação em todo o mundo, fato este que pode ser comprovado pelo grande número de congressos, seminários, cursos, programas de pós-graduação, publicações especializadas e livros publicados que anualmente aumentam a participação da LA no campo das pesquisas humanas Ao traçarmos o perfil sócio-histórico desta disciplina, cujas bases parecem se encontrar na aplicação de teorias linguísticas ao ensino de idiomas em meados do século XX, entendemos melhor como ela evoluiu deste meio mais limitado para uma multiplicidade de contextos onde a linguagem é uma questão crucial. Além disso, ela passou a valer-se de mais do que a linguística para investigar os problemas de utilização da língua para variados fins e por uma variedade de usuários. No tocante a esta questão, foram vistos, por exemplo, as diversas possibilidades da LA em contextos tanto profissionais como educacionais, tais como o ensino/aprendizagem de língua estrangeira, o uso da língua na formação docente e as questões relacionadas. Esta evolução foi possível a partir do novo entendimento de que a linguagem é o instrumento que possibilita ao homem interagir e existir como ser social no mundo e que as línguas, facilitam a comunicação e o intercâmbio entre diversas culturas, disponibilizando para um maior número de pessoas, o conhecimento produzido em diversas partes do mundo. Perante tudo que foi dito neste artigo, podemos concluir que a linguística aplicada tem muito a oferecer a todos aqueles pesquisadores que se interessam por auxiliar o homem a compreender melhor como ele constrói o seu conhecimento linguístico e, por conseguinte, como ele cria e expressa a sua identidade no mundo e nas suas relações sociais, através do uso da linguagem em todos os contextos.



REFERÊNCIAS

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.


ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola, 2007.


BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é e como se faz. São Paulo: Loyola, 2003.


BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília, DF: MEC, 1997.


BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. – Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa Brasília, DF: MEC, 1998.


CAVALCANTI, M. A propósito de linguística aplicada. Trabalhos de Linguística Aplicada, (1986).


FÁVERO, Leonor Lopes Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino da língua materna. Leonor Lopes Fávero; Maria Lúcia da Cunha V. de Oliveira Andrade; Zilda Gaspar Oliveira de Aquino. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2007.


FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática,
2003.
FIORIN, José Luiz. Introdução à linguística II: Princípios de Análise. São Paulo: Contexto, 2004.

GERALDI, J. W. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação.
Campinas: Mercado de Letras, 1996.


MARCUSCHI, L. A. O papel da linguística no ensino de língua. Net.
Recife, 2000. Seção Fórum. Disponível em www. marcosbagno.com.br


MOITA LOPES, L. P. A transdisciplinaridade é possível em linguística aplicada? In: SIGNORINI, I. e CAVALCANTI, M. C. Linguística Aplicada e transdisciplinaridade. Campinas. Mercado de Letras,1998.


SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Editora Cultrix. São Paulo, 1993.


TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de
gramática no 1º e 2º graus. 6. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001.


XAVIER, Antonio Carlos e Cortez, Suzana. Conversas com linguistas: virtudes e controvérsias da linguística. Rio de Janeiro: Parábola, 2005.


































8Dedico este trabalho primeiramente a Deus, grata pela força e persistência necessárias na realização do mesmo, à minha mãe por me ensinar o valor da educação e por me fazer uma pessoa corajosa e determinada; aos meus colegas de Pós-Graduação que, com seus posicionamentos, fizeram aprimorar o meu aprendizado, por fim, aos professores do IBPEX que ao longo do curso, me orientaram de forma segura, dando solidez ao meu aprendizado.