ARTIGO: A importância da leiturA na formação (ELIENE SOUZA OLIVEIRA)
Sabe-se que uma das grandes preocupações nos dias atuais é com o domínio da leitura e da escrita pelos estudantes. Ter habilidades para ler e escrever é uma das tarefas mais importantes na atualidade. São requisitos imprescindíveis ao sujeito como ser social. É fundamental que cada pessoa tenha o manejo das palavras e a compreensão de idéias.
É a literatura o agente ideal para a formação da mentalidade humana. Porém, nos dias atuais, ler tornou-se uma tarefa difícil, pois muitos não têm interesse pela leitura, por outro lado os efeitos surpreendentes dos recursos tecnológicos seduzem e atraem de tal forma que os torna como preferência para muitas pessoas. A tecnologia tem papel importante na vida das pessoas, porém esta não é o único meio, mas uma das várias maneiras de adquirir conhecimentos.
Entende-se que ao ler o aluno não deve fazer apenas a mera leitura dos signos. Ele deve ser instigado a explorar o que leu interpretar, sentir, comparar, criticar, refletir, criar novas possibilidades, viajar, tirar lições de vida, adquirir conhecimentos, enfim, atingir sua visão de mundo. Se o aluno não consegue atribuir sentido ao que leu, não pode ser considerado um indivíduo letrado.
O ato de ler é uma atitude cultural, que é desenvolvida ao longo da existência humana e deve ser sempre alimentada. Adquire-se esse hábito, através de contatos com pessoas letradas em ambientes que estimulem o gosto pela leitura. Esse estímulo nada mais é do que a conscientização, oportunidades e o exemplo dado pelas pessoas que ali atuam.
Ler é um processo interativo, no qual os interlocutores se comunicam. Através da leitura e a partir de seus conhecimentos prévios, o leitor numa forma de diálogo com o texto, constrói significado, dando sentido àquilo que leu, ampliando o código lingüístico e apropriando o código escrito. “A atividade de leitura acaba refletindo na escrita, recurso expressivo que amplia o repertório lingüístico, dentre outros na aprendizagem da língua”. (SARDAGNA; POSSAMAI 2008, p.35).
Além de um bom leitor, é necessário que o aluno seja estimulado a ser um produtor de texto. Através da produção textual ele terá a oportunidade de expressar seus pensamentos, desenvolver seu raciocínio e será mais bem compreendido em suas ações. Para Branca Jurema Ponce (2010, p.12) leitura e escrita são:
Uma condição primordial. [...] Os estudantes tem de saber ortografia e a regra culta, mas escrever bem vai, além disso: é conseguir desenvolver um raciocínio lógico, que tenha começo, meio e fim, conseguir expor essas idéias e argumentar com propriedade sobre elas. A cidadania passa por isso. Como exercê-la sem essas habilidades?
Ao promover a reflexão do aluno acerca do que leu, o educador estará oportunizando-o a desenvolver sua competência crítica, discursiva e criativa. O leitor dialoga com o texto concordando ou discordando daquilo que leu. Nesse processo interativo ocorre a comunicação. Porém, para que o ato comunicativo ocorra com eficiência o indivíduo precisa entender o que está explícito e implícito em um texto, dando a este sentido, construindo assim significados. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, P.53):
[...] A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto [...]. Não se trata simplesmente de extrair informações da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão, na qual os sentidos começam a ser construídos antes da leitura propriamente dita.
O leitor assíduo tem facilidade para se comunicar, e utilizar as palavras certas no momento certo e de acordo com cada situação. Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê”. (MONTEIRO LOBATO apud REVISTA DO PROFESSOR, 2003).
De acordo com os PCN (apud NOVA ESACOLA 2000, p. 5) “Pelo uso da linguagem, escolhendo as palavras certas para cada tipo de discurso, as pessoas se comunicam, trocam opiniões, tem acesso às informações, protestam e fazem cultura. Em outras palavras tornam-se cidadãs”. A linguagem seja ela oral ou escrita, é uma prática cultural, essencial à vida do ser humano. É necessário que cada pessoa entenda sua utilização e função e em que situações sociais ela é utilizada.
Para CARGNIN (2009, p. 5):
Tanto a escrita como a leitura são fundamentais para o crescimento enquanto pessoa, pois, ao interpretar o texto e atribui-lhe significado, o aluno lança mão de conhecimentos extralinguísticos: do mundo, do assunto em questão, de outros textos que contribuem para sua interpretação. Em suma, o leitor/escritor torna-se mais eficiente à medida que lê mais, de maneira cada vez mais ativa e inquiridora.
Na civilização atual a comunicação escrita se expandiu de modo significativo. O homem tem a necessidade de saber ler para se locomover e atuar como cidadãos ativos. Desde os letreiros do ônibus, nomes de ruas, bancos, casas comerciais, textos informativos, enfim são leituras fundamentais para a sua sobrevivência. Porém para que essas mensagens sejam compreendidas e tenham sentido, depende essencialmente do leitor, que além de decodificar os signos lingüísticos necessita de habilidades para analisar, relacionar e interpretar as informações obtidas.
Sendo a literatura a base para a construção do conhecimento, entende-se que o convívio com os livros e a leitura deve estar no centro dos trabalhos e dos interesses de todos. A vida ensina muitas coisas. As pessoas aprendem em casa, na rua, no campo, enfim em todos os lugares em que estejam interagindo. Porém a escola precisa fazer a diferença. No entanto deve esta promover momentos de aprendizagem, privilegiando momentos de leitura em situações diversas.
O texto é constituído de várias propriedades. Não deve ser visto apenas como mero recurso na transmissão de conteúdos, já que é através dele que nos comunicamos e interagimos com nossos semelhantes. Segundo os PCN (2002 p.5) a escola deve adotar uma nova postura de ensino “que procure levar em conta a realidade e os interesses dos próprios alunos além de utilizar o texto literário como um aprendizado em si, e não como expediente para ensinar gramática e valores morais, inibindo a descoberta, pelo aluno, do prazer da leitura” [...].
Os discursos, falados ou escritos, a atividade seja ela verbal ou não verbal – os sinais, as imagens, os gestos, enfim; ao serem interpretados, transformam-se em grandes textos. Dessa forma todo e qualquer tipo de comunicação se efetiva através de textos. IRANDÉ (2009, p. 76) afirma que “A atividade verbal, sob qualquer condição, somente se exerce sob o modo da textualidade. Quer dizer, ninguém fala ou escreve, a não ser por meio de textos”. É um ato imprescindível ao ser humano.
Porém, para que haja uma comunicação eficiente é necessário que haja intenção e aceitação por parte do emissor e do receptor, ou seja, cabe ao emissor falar ou escrever coisas que tenham coerência, bem estruturadas; e ao receptor ter disposição para aceitar o texto oral ou escrito, saber interpretar e dar sentido ao que ouve ou lê.
É fundamental que os interlocutores conheçam as normas utilizadas por ambos no texto oral ou escrito. Dessa forma faz-se necessário explorar a linguagem nas mais variadas formas e gêneros possíveis, possibilitando ao aluno o aprimoramento e a interpretação.
Percebe-se que ainda há um grande distanciamento entre o que se ensina e o que se deve ensinar. Muitos alunos cursam o segundo grau e saem com uma bagagem muito pobre, sentem dificuldades ao fazer vestibular, entre outros. Encontram-se com uma deficiência enorme para interpretar, produzir textos ou até mesmo de se expressar em locais públicos. Segundo Elisa Meirelles (2010 p. 49):
Os jovens se formam sem entender os benefícios da leitura e acabam não lendo mais nada. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) e o Instituto Pró-livro mostra que 45% da população não lê nenhum exemplar por ano (desses, 53% dizem simplesmente “não ter interesse” e outros 42% admitem “ter dificuldade”).
É necessário também que o professor esteja sempre atualizado e que acompanhe o movimento editorial, sendo ele mesmo um verdadeiro leitor, servindo de exemplo para os alunos. Talvez, este seja um dos incentivos para os alunos tornarem-se também verdadeiros leitores. Percebe-se que a falta de interesse pela leitura não atinge apenas os alunos, mas infelizmente os educadores também. “Se a pessoa não utilizar e não tiver prazer no convívio com o material escrito, é muito difícil passar isso para as crianças” (SOARES MAGDA apud DESPERTAR CONSULTORIA). Portanto cabe ao professor a adequação de seu trabalho, de maneira tal, que este venha servir, de forma prazerosa, para a transformação da realidade humana.
Com certeza, é indispensável à presença de professores leitores capacitados e instrumentalizados, que possam ter formação e informação de como trabalhar, ao longo do ano letivo, a leitura e a escrita, visando o desenvolvimento do educando. “Na verdade os professores [...] precisam saber mais sobre as grandes funções da leitura e da escrita; na verdade precisam saber como promover a gradativa inserção do indivíduo no mundo da escrita, ou melhor, no mundo da cultura letrada”. [...] (ANTUNES 2009, P.15).
O homem tem buscado a cada dia ampliar seus conhecimentos linguísticos, para tanto, ele precisa ter duas concepções claras na cabeça, são elas: a linguagem se aprende pelo uso; existem vários usos de linguagem. O aperfeiçoamento dos usos de linguagem provoca o aperfeiçoamento do indivíduo, todavia, isso não se refere ao puro e limitado conhecimento da língua padrão nem apenas ao conhecimento satisfatório da linguagem oral, pois estas são algumas das múltiplas possibilidades de uso da língua. É também de enorme importância o conhecimento e domínio da modalidade escrita da língua.
Escrever, não é possível somente para os grandes autores; é uma atividade social indispensável para qualquer pessoa (Câmara Jr. 1972).
Alguns concebem que a escrita é inerente a uns enquanto não é a outros, pois aqueles têm facilidades em redigir um texto. Não é isto que ocorre de fato. Na verdade, apenas alguns se tornam grandes romancistas ou escritores reconhecidos. Todavia, todos podem se comunicar de forma coerente e eficaz, usando a escrita. Inicialmente, é preciso saber que não há modelo único para a redação, não há sequer estrutura rígida. 'Há apenas uma falta de preparação inicial que a prática e o esforço vencem' (Câmara Jr. 1972).
A primeira forma de expressão linguística é a fala, porém, a necessidade de fixá-la, de levá-la para outros contextos, fomentou a busca pela possibilidade de uma representação da mesma. Daí nasce a modalidade escrita da língua. A técnica da escrita consiste simplesmente em usar sinais gráficos que aprendemos por mera convenção por serem tais sinais arbitrários para simbolizar os signos da língua falada. Entretanto, diante das múltiplas possibilidades oferecidas pela língua falada e pela inviabilidade de construir um sinal gráfico para cada signo, a escrita é apenas uma tentativa de representação da fala, por ser um suporte utilizado como recurso para não sobrecarregar a memória.
A comunicação oral é limitada quanto às distâncias e à fixação mesmo que temporária da mensagem, enquanto a comunicação escrita multiplica a mensagem, pois muitos podem lê-la ao mesmo tempo e não precisam estar próximos ao emissor. Em contrapartida, a escrita é uma técnica simples e barata, amplia os horizontes, aumenta as possibilidades de comunicação, fixa a mensagem, aumenta a possibilidade de envio da mensagem em relação à distância e números de receptores, exige do homem aprendizado, pois não é espontânea nem natural como a fala, conferindo certo grau de poder a quem sabe utilizá-la.
Desta forma, como diz GNERRE (1987), devemos 'ser poliglotas de uma mesma língua'. Essa aparente contradição nos diz uma verdade imensa. Não nos basta saber apenas uma modalidade da língua ou somente norma culta. Como existem diversos contextos sociais, e para cada contexto exige-se um uso de linguagem, se quisermos transitar em tais universos devemos também usar de forma competente a modalidade falada e escrita da língua. Mais do que isso, devemos saber usar a linguagem adequada tanto ao contexto sócio-comunicativo acadêmico, quanto ao bar, ao funeral, à festa de carnaval.
É importante ressaltar que falamos uma língua e escrevemos outra, pois apesar da escrita ser posterior à fala e uma tentativa de representação da mesma, ela é mais conservadora. Pode-se afirmar que fala e escrita são diferentes, cada uma possui as suas peculiaridades. Isto não quer dizer, entretanto, que ela se oponham. Pelo contrário, elas se complementam.
A língua não é uniforme; ela é uma unidade composta pela diversidade, isto é, pela variedade linguística. Tais variedades podem ser de três tipos: diatópicas, diafásicas e diastrásticas. Dentre estes dados, temos a norma culta, também chamada de língua padrão. É considerada geralmente como a única variedade correta da língua e associada tipicamente aos conteúdos de prestígio. Segundo Maurízio Gnerre (1987), "uma variedade vale o que valem na sociedade seus falantes". As variedades que correspondem à língua não padrão são usadas por pessoas de baixa renda, de pouca ou nenhuma escolarização, de meios rurais, de regiões distantes dos grandes centros econômicos.
Desta forma, tais variedades tendem a ser sempre consideradas inferiores a uma outra de maior prestígio, ou pior, é muito comum serem consideradas erradas. Entretanto, a noção de erro está atrelada sempre a uma impossibilidade quanto ao uso de determinada coisa. Se a língua não-padrão é usada por tanta gente e comunica com coerência e eficiência aos grupos que a utilizam e aos demais grupos, a noção de erro torna-se inadequada quando a ela se refere.
O termo língua é comumente associado à escrita, todavia um não é sinônimo do outro. Toda essa confusão é fruto das informações equivocadas passadas pela tradição escolar. Por conseguinte, às vezes o acesso à escola relaciona-se a poder econômico e político, atribui-se à escrita uma autoridade superior àquela que ela realmente tem. Historicamente, a língua padrão é a língua dos vencedores, dos que mandam, sendo a escrita um registro da fala.
Sendo assim, a elite escolhe conscientemente a língua merecedora de registro, que é a norma culta, como modelo para as demais. Por isso que ela é chamada de língua padrão. Diz-se que tal modelo é central da identidade nacional, enquanto portadora de uma tradição e de uma cultura. Todavia, não será essa uma visão preconceituosa e discriminatória, já que pressupõe que todo aquele que não usa a língua padrão não é historicamente portador de tradição e cultura?
É perceptível, que muitas vezes, em detrimento da oralidade, supervaloriza-se o uso da escrita e aqueles que já se apropriaram deste conhecimento. Entretanto, vale ressaltar que na maior parte dos povos modernos, somente uma parcela (às vezes mínima) da sociedade tem na escrita um elemento essencial da vida. Além disso, há muitos povos que sequer utilizam tal modalidade da língua. Outro fator curioso é que até mesmo as pessoas escolarizadas usam menos a escrita do que a oralidade em seu cotidiano.
Portanto, para que os indivíduos saibam escrever e expressar-se bem oralmente, é necessário que faça uso constante das modalidades de escrita e leitura, visto que, estas ampliam seus conhecimentos tornando assim a comunicação mais coerente e eficaz.
A escrita é um elemento de fundamental importância no processo de aprendizagem do ser humano, visto que é através dela que ele pode exteriorizar os seus mais profundos sentimentos, bem como demonstrar os conhecimentos adquiridos nesse processo e ainda, tornar-se um bom orador nas diversas situações sociais. Partindo desse pressuposto, a escola deve proporcionar ao educando, formas para que ele possa escrever com fluência os diversos tipos textuais.
Para o pleno desenvolvimento intelectual do ser humano, é relevante que ele obtenha o domínio da escrita, e este, assim como o da leitura, inclui capacidades que devem ser adquiridas no processo de alfabetização e outras que são constitutivas do processo de letramento, incluindo desde as primeiras formas de registro alfabético e ortográfico até a produção autônoma de textos. A escrita na escola, assim como nas práticas sociais fora da escola, deve ser realizada situada num contexto, ter um objetivo, uma função e ser dirigida a algum leitor. A produção textual deve ser uma ferramenta constante na escola, pois proporciona aos alunos o desenvolvimento da capacidade de escrever textos de gêneros diversos, adequados aos objetivos, ao destinatário e ao contexto em circulação.
Os PCN: LP (SEF, 1997a, p. 65) propõem que:
O trabalho com produção de textos tem como finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes. Um escritor competente é alguém que ao produzir um discurso (...), sabe selecionar o gênero no qual seu discurso se realizará escolhendo aquele que for apropriado a seus objetivos e à circunstância enunciativa em questão.
Neste sentido, o trabalho com escrita pode ser feito na escola mesmo antes que os alunos tenham total domínio da mesma, porque o educador deverá orientá-los para a compreensão e a valorização dos diferentes usos e funções da escrita, em diferentes gêneros textuais e suportes.
Para LÚRIA (1998), a escrita pode ser a função que se realiza culturalmente, por mediação. A condição fundamental exigida, para que a criança seja capaz de tomar nota de alguma noção, conceito ou frase, é que algum estímulo seja empregado como símbolo auxiliar, cuja percepção a leve a recordar a idéia que refere.
Diante de tais concepções, nota-se que para realizar a produção textual é importante compreender que uma palavra qualquer, pode ser um texto, se for usada numa determinada situação para produzir um sentido. Com essa compreensão, pode-se propor a produção de textos escritos sempre em sala de aula, pois a capacidade de dominar o sistema ortográfico pode ser associada a esta atividade. Para Ferreiro e Teberoski (1996, p. 91) a escrita é definida como a representação de palavras e idéias.
Para que um texto seja escrito contendo todos os elementos necessários é preciso saber planejar a sua escrita considerando o tema central e seus desdobramentos, de modo que ele pareça, para seus leitores, "lógico", sensato, bem encadeado e sem contradições, essa é uma capacidade a ser desenvolvida na escola, porque a organização e o encadeamento dos textos da conversa cotidiana que os alunos conhecem, são diferentes do que se espera no caso de textos escritos, principalmente se tiverem circulação pública. Isso posto, é nítido que a escrita excede o âmbito escolar. A esse aspecto o educador deve estar atento. Conforme orienta BERENBLUM (2006, p.24),
Tal a leitura, a escrita sofre do mal da "escolarização", quase sempre restrita à cópia e à reprodução de formas previamente modelares, não estimulando os processos de autoria, que fazem dos sujeitos "escritores", no sentido justo de ser autor autônomo e competente para escrever o seu texto, para dizer sua palavra e registrar a sua história, transformando sua passagem pelo mundo, nas sociedades grafocêntricas.
VYGOTSCKY (1998) fundamenta também essa prática escolar dizendo: "Até agora, a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escolar, em relação ao papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da criança. Ensinam-se as crianças a desenhar letras e construir palavras com elas, mas não se ensinam a linguagem escrita".
Por mais que nossas escolas tenham vivido transformações significativas na última década, para muitos professores, o texto ainda é mero pretexto para o estudo de formas gramaticais descontextualizadas. Estudam-se palavras como unidades isoladas da língua distante de sua real situação de uso. O ensino de língua portuguesa, que tem língua materna por objeto de estudo, deve ser repensado com o intuito de voltar seu olhar para o texto e para diversidades de gêneros em que se materializa. Assim, é fundamental o aluno conviver com bons modelos de textos verbais, além dos não verbais, ser expostos aos diferentes gêneros discursivos, para que possa refletir sobre suas características especificas e se apropriar delas para a produção de seus próprios textos. Quanto a isso nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 30) afirma-se que:
Cabe a escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com - os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com esta finalidade.
Um outro fator a ser observado para que se saiba escrever bem é a capacidade de usar a variação linguística adequada ao gênero de texto que se está produzindo, aos objetivos que se quer cumprir com o texto, aos conhecimentos e interesses dos leitores, fazendo escolhas adequadas quanto ao vocabulário e à gramática. Por isso, é preciso dedicar atenção à escolha de palavras demonstrando sensibilidade para as condições de escrita e de leitura do texto. É necessário ainda, saber utilizar os recursos expressivos apropriados ao gênero e aos objetivos do texto (produzir encantamento, comover, fazer rir, ou convencer racionalmente). Essas capacidades de uso da escrita também podem ser ensinadas e aprendidas na escola desde cedo.
Os PCN: LP (SEF, 1997a, p.31-32) ajudam a complementar essas considerações:
A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja, saber adequar o às diferentes situações comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a quem e porque se diz determinada coisa. É saber, portanto, quais variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige.
Portanto, ser um bom escritor, não é resultado de um processo natural. É preciso, além da interferência educacional e cultural, contato permanente com o material escrito, variado e de qualidade, desde cedo. Além disso, é importante adquirir as capacidades de revisar e reelaborar a própria escrita, segundo critérios adequados aos objetivos do destinatário.

Este blog foi criado com o objetivo de contribuir, com a metodologia para o trabalho com os objetos de ensino de Língua Portuguesa, partindo de atividades que envolvam o uso da língua, como produção e compreensão de textos orais e escritos em diferentes gêneros discursivos/ textuais,seguidas de atividades de reflexão sobre a língua e a linguagem a fim de aprimorar as possibilidades de uso.
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